Sócrates foi preso sem indícios de corrupção, afirma juiz

Desembargador da Relação de Lisboa, que votou contra a declaração de especial complexidade do processo "Operação Marquês, insinuou que a investigação se deslumbrou, mas não tem provas.
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Foi com o recurso a uma metáfora que o juiz desembargador José Reis insinuou que houve, por parte da investigação da "Operação Marquês", um certo deslubramento. Para isso, o juiz invocou a "imagem do viajante que, perante a largueza da foz do rio, não cuida de descrever, ainda que sinteticamente, o seu percurso desde a nascente, presumindo e dando como adquirido que o abundante caudal que vê diante de si teve origem em tortuosos e recônditos meandros que levaram à formação de tamanha massa de água que se precipitou, sem fundamento ou justificação naquela foz". Em conclusão, José Reis afirmou que nem sequer havia indícios de corrupção quando, a 20 de novembro do ano passado, José Sócrates foi detido e colocado em prisão preventiva por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A posição deste juiz desembargador consta de um voto de vencido num acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que, por maioria, confirmou a declaração de especial complexidade do processo, decretada em julho de 2014 pelo juiz Carlos Alexandre. Os advogados de José Sócrates recorreram para o TRL que, esta quarta-feira, acabou por decidir ao fim de vários meses de debate entre o juiz José Reis (o relator inicial) e a juíza desembargadora Laura Maurício. Para desempatar, foi chamada a votar a presidente da 3ª secção criminal da Relação de Lisboa, a juíza Teresa Féria, que votou ao lado de Laura Maurício.

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