O primeiro-ministro José Sócrates está a preparar um programa eleitoral para as próximas legislativas que irá ter alguns contributos ao centro-direita. O DN sabe que Sócrates reuniu um vasto grupo de membros destacados da sociedade civil e empresarial para discutir "políticas para os próximos anos", contam fontes próximas da organização da reunião..Entre os presentes no encontro, que se realizou-se esta quinta-feira, em Lisboa, sob rigoroso sigilo, estiveram José Miguel Júdice (ex-bastonário da Ordem dos Advogados e ex-dirigente do PSD, agora desfiliado), Daniel Proença de Carvalho (advogado, antigo director de campanha de Freitas do Amaral em 1986), António Carrapatoso (presidente da Vodafone Portugal), António Mexia (presidente da EDP, ex-ministro das Obras Públicas no Governo de Santana Lopes), Henrique Granadeiro (presidente da Portugal Telecom) ou Carlos Monjardino (presidente da Fundação Oriente e um nome sempre próximo do PS e de Mário Soares)..Segundo as mesmas fontes, a ideia de José Sócrates passa por "reunir algumas das pessoas mais representativas da sociedade civil, como advogados, gestores, gente da cultura, das Instituições Particulares de Solidariedade Social para avaliar e dar conta de algumas ideias e propostas para os próximos quatro anos". Isto à margem do Partido Socialista e também do Fórum Novas Fronteiras, dirigido por António Vitorino, que está encarregue de compilar todas as propostas num programa único que Sócrates irá levar às legislativas que se irão realizar a seguir ao Verão..O próprio Fórum Novas Fronteiras é já uma iniciativa do PS que "pretende mobilizar sectores alargados da sociedade portuguesa que não desenvolvem uma actividade política ou partidária regular". No entanto, aqueles nomes estarão, tudo o indica, à margem deste fórum e incluídos numa espécie de grupo de reflexão informal, mas organizado, que irá "acrescentar valor às propostas do Partido Socialista", dizem aquelas fontes ao DN..Para além daqueles nomes, Sócrates reuniu ainda com Isabel Megre, João Luís Carrilho da Graça (arquitecto galardoado com o Prémio Pessoa em 2008), António Ramalho, Julião Sarmento, José Bento dos Santos, António Gomes Mota, Filipe Vilanova, José Manuel Fernandes (empresário) e Tiago Neiva de Oliveira (Grupo Cabelte), entre outros..Com este encontro, ao jantar na quinta-feira, José Sócrates pretende em termos estratégicos "secar" o crescimento do PSD em alguns sectores da sociedade civil e das empresas. As mesmas fontes adiantam ao DN que "ideologicamente, é uma pedrada no charco ao centro-direita", tendo até em linha de conta que alguns dos comensais estiveram nos últimos anos ligados a movimentos como o Compromisso Portugal. António Carrapatoso e António Mexia são inclusivamente da Comissão Promotora daquele think-tank tido como mais próximo dos ideais neo-liberais e conotado com o centro-direita..Ao mesmo tempo que está a tentar conquistar independentes maioritariamente do centro-direita, José Sócrates aproveitou os últimos dias para fazer alterações na estrutura do Fórum Novas Fronteiras. Para o Conselho Coordenador entram agora Luís Amado (ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros), João Tiago Silveira (novo porta-voz do PS e secretário de Estado da Justiça) e Fernando Medina (secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional). Estes três nomes juntam-se ao núcleo duro das Novas Fronteiras, onde estão também Sócrates e Vitorino, para além de Augusto Santos Silva, Gomes Canotilho, Jaime Gama, João Ferrão, Lídia Jorge, Manuel Pinho, Maria João Rodrigues, Mariano Gago, Sérgio Sousa Pinto e Vital Moreira..Como convidados há também surpresas. O DN sabe que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS convidou a actriz Inês de Medeiros (que foi mandatária nacional da candidatura de Vital Moreira nas europeias) para integrar o fórum, ao lado de Carolina Patrocínio (apresentadora de televisão, ex-Clube Disney), Pedro Alves (jurista), Teresa Mendes, Irene Pimentel (historiadora, Prémio Pessoa em 2007) e João Galamba..Aqui, salientam fontes socialistas, Sócrates pretenderá "revelar que o PS tem armas novas, rostos jovens e de várias áreas de actuação para enfrentar os actos eleitorais que aí vêm". Também neste caso a maior parte dos novos membros associados às Novas Fronteiras não tinha antes qualquer ligação ao PS ou ao seu aparelho.