Socorro! Entrei na Universidade

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Em setembro, milhares de jovens iniciam, pela primeira vez, o seu percurso no ensino superior.

Todos desejamos, que este ano, as aulas possam ser presenciais. Para que os nossos novos alunos do ensino superior possam viver esta experiência na sua plenitude.

Este momento - a entrada numa universidade - é normalmente vivido com elevados níveis de bem-estar e felicidade, tanto para os jovens como para as suas famílias, que se sentem orgulhosas por tamanha conquista.

Afinal, apesar de alguns desafios e preocupações durante a fase da adolescência, isto até correu bem. "O miúdo" entrou para a universidade, e até pertence ao grupo dos que entraram na sua primeira... ou segunda opção.

Que alegria.

Sim. No entanto, importa refletir que o entrar, viver e estudar na universidade não é um momento. É um processo e traz sempre desafios associados.

É que os estudantes, quando iniciam o seu percurso académico, vão vivenciar um Novo Mundo (nem sempre Admirável).

Espera-se que desenvolvam competências pessoais e académicas que os façam triunfar - num curto espaço de tempo.

Jovens com maior capacidade de autonomia adaptam-se melhor nestas fases de transição - mudanças de vida, entrada no ensino universitário, ao mercado de trabalho...

O seu filho é bastante autónomo? Ótimo.

Não é? Estamos sempre a tempo de promover estas competências. Aproveitem esta nova fase.

Alguns alunos, saem pela primeira vez "do ninho" e terão que organizar a sua vida e as suas casas/quarto, deixarão de ter a companhia diária dos amigos que os acompanharam nos últimos anos. Terão que estabelecer uma nova "rede" de relações, com as dificuldades - maiores ou menores - de interagir e "ser aceite". Outros começam a viver relações amorosas à distância, vão ter colegas novos e de tantos locais, as disciplinas transformam-se em cadeiras ou cadeirões (unidades curriculares), frequências e não testes, professores e não "stôres". Trimestres/semestres, métodos diferentes de avaliação, aulas teóricas, práticas e outras que até misturam isto tudo, trabalhos de grupo com pessoas que ainda nem conhecem. Menos tempo letivo em sala - vão sentir que têm mais tempo livre, vão confrontar-se com uma nova forma de aprender e estudar - o aprender vai deixar de ser "um memorizar/decorar" conceitos, o ensino universitário vai apelar ao sentido crítico e a uma aprendizagem mais autónoma.

Ufa. E isto são só alguns exemplos. É, de facto uma "nova vida" que começa. Não é por acaso que em torno da entrada na Universidade se criaram verdadeiros rituais iniciáticos, hoje, felizmente, bem mais "civilizados".

As mudanças são tantas, mas podem ser ótimas. Confiem. Nas capacidades que (já) têm e nas que vão adquirir.

Aproveitem.

Relacionem-se uns com os outros. Sem receios. Conheçam-se. Estão todos no mesmo barco.

Encontrem-se ao fim-de-semana ou no café, junto e fora da universidade.

As relações interpessoais positivas, serão extremamente importantes para uma boa adaptação a este novo percurso e a um "bom viver" na universidade. Cultivem-nas.

Façam e aprendam a fazer uma boa gestão de tempo. Acreditem, dá para tudo.

Irão viver uma das fases importantes da vossa vida.

Mais liberdade, onde é necessário que sejam autónomos e responsáveis.

Apareceu uma má nota? Não desanimem. Aprender e crescer, é também isso.

Dificuldades em organizar as matérias ou o estudo? Peçam ajuda.

Os nossos professores, serão sempre os nossos professores. E podem apoiar-vos. Dentro e fora da sala.

Atenção aos comportamentos que vos podem colocar em risco ou perigo. Protejam-se.

Alguns dos comportamentos de risco associados ao "viver académico" podem comprometer (agora e no futuro) o bem-estar, a saúde física e mental, o percurso e sucesso académico. Com moderação, combinado?

Vão sentir algum "stress" e ansiedade. Faz parte!

Se perceberem que sintomas de stress, ansiedade ou depressão, começam a ser uma contante no vosso dia-a-dia, que está a influenciar de forma negativa o vosso desempenho pessoal, social e/ou académico - PEÇAM AJUDA.

Falem sobre as vossas dificuldades e partilhem as vossas angústias com a família, com os professores e colegas. A vossa universidade, provavelmente, até disponibiliza um serviço de acompanhamento psicológico gratuito para os estudantes. Não estás sozinho. É bastante comum precisar de algum tipo apoio nesta fase. Não tenhas vergonha. Sem medos.

Aos meus futuros alunos, "bebam muito". Conhecimento, valores de companheirismo, criatividade...

E o resto? Divirtam-se. Sem risco. Sempre com responsabilidade.

Psicóloga

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