Sócios levaram família para gerir Independente
A história da Universidade Independente (UnI) confunde-se com a amizade de três famílias: Carvalho, Verde e Arouca. Lima de Carvalho levou a mulher para a gestão da UnI, Rui Verde o irmão e Luiz Arouca dois filhos. As relações azedaram em finais de 2005 e a família Lima de Carvalho saiu em 2006. Rui e Miguel Verde seguiram-lhe os passos quase um ano depois. Nenhum o fez por vontade própria, mas por decisão de Luiz Arouca. Foi sempre o reitor que apadrinhou todas as decisões. "Esta é a sua casa, a sua família, se sair morre", diz quem o conhece.
Luiz Arouca, Rui Verde e Lima de Carvalho são os sócios fundadores da UnI em 1993, gerindo-a como se fosse uma extensão da família. Tem sido esse o grande dilema da instituição, diz quem acompanhou todas crises, nomeadamente a falta de dinheiro para pagar aos professores. Quando os sócios se zangaram, começaram a interpor providências cautelares e acções judiciais uns contra os outros.
Luiz Arouca e Rui Verde estiveram juntos na Universidade Autónoma de Lisboa. O primeiro era reitor e saiu em litígio com a direcção, o segundo, então assistente de Direito, acompanhou-o, com os dois a assumiram a responsabilidade da parte académica. Junta-se-lhes Lima de Carvalho, este último como membro do Conselho-Geral da SIDES, sociedade gestora da UnI.
As relações foram-se degradando ao longo dos 14 anos e a ruptura aconteceu em Novembro de 2005. Lima de Carvalho e a mulher foram afastados do Conselho-Geral a 30 de Março de 2006. Interpõem uma providência cautelar e acção judicial contra a SIDES. Segundo a SIC, nessa altura, Luiz Arouca pôs em causa a licenciatura e o mestrado de Lima de Carvalho tirados na UnI. Ontem, a PJ revistou a casa deste sócio e levou-o a prestar declarações.
Rui Verde e o irmão foram exonerados no mês passado e recorreram. O primeiro está em prisão preventiva. A família Arouca acusa-o de desfalque, falsificação e gestão danosa.
Luiz Arouca na PJ
O "reitor", cujo mandato terminou há cerca de um ano, esteve durante todo o dia de ontem nas instalações da PJ e, à hora de fecho desta edição, desconhecia-se se tinha saído. A polícia e o Ministério Público não quiseram esclarecer. Segundo Frederico Arouca, os agentes estiveram em casa do pai e na sua, de onde levaram documentos que atestam as falsificações de Rui Verde, a quem acusa de desfalque e gestão danosa.
A PJ ouviu também Nuno Tavares, da direcção eleita no mês passado e docente de Filosofia, e Raul Cunha, professor de Engenharia. Este último tornou-se no braço-direito de Luiz Arouca após Rui Verde sair. Lúcio Pimentel, o presidente da direcção, desmentiu ter estado na PJ.