Sociedade Guilherme Cossoul despede-se das instalações esta semana com estreia de peça
"É o último espetáculo de um grupo de teatro nas atuais instalações da Cossoul. Contudo, entre os dias 22 e 24 de junho, haverá ainda as apresentações finais dos dois anos do nosso Curso de Formação de Atores", disse o presidente da Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, Paulo Tavares, em declarações à Lusa.
O responsável sublinha que "Desmaterialização" será "uma última oportunidade para ver o espetáculo de um grupo de teatro num espaço que, desde a década de 40 do século passado, muito fez por esta arte no país".
Até 30 de junho, a Cossoul terá "impreterivelmente" de deixar o n.º 61 da avenida D. Carlos I. Em junho do ano passado, Paulo Tavares tinha revelado à Lusa que a instituição teria de abandonar, até ao final do ano, as suas instalações, na zona de Santos, já que o prédio tinha sido vendido. Entretanto, em janeiro foi acordado que o prazo seria prolongado por seis meses.
A partir de julho, a Cossoul muda-se "temporariamente" para a Casa dos Mundos, "um pequeno espaço da Câmara Municipal de Lisboa (CML)", no n.º 66 da Rua Nova da Piedade, perto da Rua de São Bento.
A Cossoul ficará na Casa dos Mundos "até se fazerem obras no Centro Comunitário da Madragoa (um equipamento da Junta de Freguesia da Estrela, JFE), estimadas entre um ano e um ano e meio", onde o dirigente espera que fique "em definitivo".
"Estas soluções estão acordadas quer com a CML, quer com a JFE, mas ainda nos falta formalizá-las através de um protocolo", referiu Paulo Tavares.
A peça "Desmaterialização" estará em cena na sexta-feira, no sábado e nos dias 08 e 09 de junho, sempre às 21:30. O espetáculo, com os atores Cláudio Henriques, Rui Ferreira e Sara Felício, leva o público "a entrar numa fábrica construída junto ao braço de um rio, que sobreviveu várias gerações e que está prestes a ser reduzida a pó".
Associação privada de utilidade pública, fundada em setembro de 1885, a Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul foi criada por alunos de Guilherme Cossoul, maestro e violoncelista português, mas também fundador da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa.
A Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul "esteve desde sempre ligada às Artes, à Cultura e à formação dos cidadãos, principalmente os do bairro da Madragoa, em Santos", disse o responsável.
Durante "grande parte do século XX a existência da Cossoul foi marcadamente ligada ao Teatro, não descurando as outras áreas, mas foi na Cossoul que surgiram muitos nomes do Teatro português", recordou Paulo Tavares, como Raul Solnado, Lina Vaz, José Viana, Varela Silva ou Filipe Ferrer.
Atualmente, além das iniciativas de sempre, "foram acrescentadas a Literatura, as Artes Visuais, a Música, o Cinema, com muitas atividades, não só com o acolhimento de produções externas, mas também com a produção de projetos da casa".