Sobreviventes do Costa Concordia protestam
Segundo os media italianos, algumas dezenas de sobreviventes juntaram-se em Grosseto, na Toscânia, junto ao tribunal onde Francesco Schettino está a ser julgado por homicídio e por alegadamente abandonar o navio antes de todos os passageiros serem resgatados.
"Há falta de segurança nestes navios. Este julgamento mostra que os sistemas de emergência que deveriam ter garantido a segurança dos passageiros não funcionaram", disse Massimiliano Gabrielli, um advogado que representa alguns dos sobreviventes, citado pela agência ANSA.
Schettino, que não apareceu na audição de hoje do julgamento, manifestou numa mensagem escrita a sua "dor indelével" ao recordar que hoje se assinalam dois anos desde o naufrágio em frente à costa da ilha italiana de Giglio, em que morreram 32 pessoas.
"Expresso o meu profundo pesar e renovo a minha proximidade aos familiares das vítimas. Junto-me ao silêncio comemorativo que se cumprirá hoje (...) e que renova uma dor indelével para todos nós", afirmou Francesco Schettino numa nota.
O capitão do navio é o único a ser julgado pelo naufrágio.
Cinco outras pessoas, quatro elementos da tripulação e Roberto Ferrarini, que dirigia a unidade de crise da empresa proprietária do barco, 'Costa Crociere', chegaram a acordo e aceitaram penas de até 34 meses de prisão.
A 'Costa Crociere', a maior operadora de cruzeiros da Europa, aceitou responsabilidades limitadas como empregadora de Schettino e dos restantes membros da tripulação condenados e foi obrigada a pagar uma multa de um milhão de euros.
A ilha de Giglio, onde o navio naufragou na noite de 13 de janeiro de 2012, realizou uma missa em memória das vítimas e as sirenes dos barcos de pesca locais soarão na hora exata do impaco, às 20:45 (hora de Lisboa).
Na noite de 13 de janeiro de 2013 o Costa Concórdia navegava junto da costa da ilha de Giglio quando embateu em rochas, acabando por naufragar, ficando semi-submerso, e causando 39 mortos e dois desaparecidos.
Entre passageiros e tripulantes, oriundos de 70 países, encontravam-se a bordo 4.229 pessoas.
Schettino é acusado de navegar demasiado depressa e demasiado perto da ilha de Giglio, ao largo da Toscânia, numa manobra arriscada para impressionar os passageiros com "uma saudação" aos residentes na ilha.
O navio foi endireitado em setembro passado, vinte meses depois do acidente e deverá ser retirado do local em julho.
Schettino, que recebeu na imprensa tabloide a alcunha de "capitão cobarde" por ter aparentemente abandonado o navio e fugido para terra quando ainda havia passageiros por salvar, pode ser condenado a 20 anos de prisão.