Sobressalto urgente em Portugal e nos EUA
Os portugueses não levaram a sério o novo confinamento e o governo não levou a sério os riscos do levantamento das restrições no Natal. Os hospitais públicos já passaram para lá da linha vermelha. No dia 7 de janeiro, o DN escreveu na primeira página "SNS perto da linha vermelha". Passou uma dúzia de dias e só agora voltam a apertar as limitações à circulação, como anunciou ontem o primeiro-ministro, falando em "sobressalto cívico".
Médicos e especialistas já tinham dado o grito de socorro. Poucos ligaram. A decisão política chegou tarde e incompleta. O fecho das escolas, face ao número crescente de jovens infetados, começa a ser uma inevitabilidade. O que se passa hoje no país pode vir a ser semelhante ao que vimos acontecer em Itália e noutros países, em março. Temos de atuar em conformidade e não com normalidade.
Com pouca normalidade decorrerá também a tomada de posse de Joe Biden, amanhã, como 46.º presidente dos Estados Unidos da América. A seu lado terá antigos presidentes como Obama, Bush e Clinton e o vice-presidente atual, Mike Pence. Com Biden renasce a esperança do multilateralismo. Mas, mais do que isso, renasce o civismo, a responsabilidade e a autoridade de um país que se autointitula a maior potência do mundo, na história contemporânea. No mandato de Trump foi a potência da imprevisibilidade e da política externa errática.
Biden não será a aclamado nas ruas por um milhão de americanos. Terá antes ruas e praças rodeadas de grades e de forte dispositivo militar. O Capitólio é alvo de grandes medidas de segurança, assim como outros 50 pontos por todo o país.
O derrotado, Donald Trump, demorou dois meses a convencer-se do resultado e não facilitou a que a passagem de pasta fosse ordeira. Pelo contrário, terá incitado à violência num comício em Washington e nas redes sociais. A invasão do Capitólio pelos trumpistas, no início do mês, levou a que a mayor de Washington tivesse declarado estado de emergência até quinta-feira e, como disse, "a tomada de precauções extra" para amanhã. Desta vez, a segurança interna é mesmo para levar a sério no país da liberdade. Todos os olhos do mundo estão postos nos EUA. Para o equilíbrio mundial, é útil que tudo corra sem sobressaltos. Um falhanço na subida ao poder de Biden pode ficar na história como uma mancha na imagem do país.
Joe Biden apela à união. Afirmou: "Não podemos resolver os nossos problemas enquanto estivermos divididos. Temos de fazê-lo juntos." E acrescentou: "Eu e a Kamala corremos com base nesta visão." Os EUA bem precisam e a Europa também. Go, Joe & Kamala!