Só uma nova agricultura permitirá resistir à emergência climática
O objetivo do investigador Mário Carvalho é desenvolver um tipo de agricultura que já deu provas de sucesso e eficácia em algumas explorações do Alentejo. Uma agricultura que produz mais, consumindo menos recursos, utilizando técnicas antigas como as sementeiras diretas, a rotação de culturas e a devolução dos resíduos ao solo de origem.
Mas, tão essencial como esta nova agricultura, é a transmissão do conhecimento entre os cientistas e os agricultores. As soluções encontradas para cada caso, para cada campo, têm se ser locais e levar em consideração a especificidade de cada solo, de cada clima, da disponibilidade de água. E, por isso, é fulcral uma investigação multidisciplinar, de longo prazo e que tenha como objetivo a aplicabilidade do saber adquirido.
Este investigador do MED - Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, cujo trabalho foi reconhecido com a atribuição em 2016 do Land and Soil Management Award, é um entusiasta do montado e do Alentejo. Na sua visão, os sistemas agro-silvo-pastoris são dos mais completos e os que menores impactos têm na Natureza.
A disponibilidade de água no Alentejo é umas das temáticas que mais preocupa Mário Carvalho. O custo subsidiado da água que tem origem no perímetro de rega da barragem do Alqueva está a distorcer a agricultura alentejana - e o mercado - dando origem a projetos economicamente inviáveis e desastrosos para a biodiversidade.
Um conteúdo DN / Ciência com Impacto, um projeto coordenado pelo jornalista Paulo Caetano.