Só oito unidades reabilitam doentes cardíacos
O objectivo em 2010 era atingir 30% dos doentes que necessitam de fazer este tipo de programas, mas em meia dúzia de anos a percentagem apenas passou de 3% para 4%, de acordo com dados da coordenadora do Grupo de Estudo de Fisiopatologia do Esforço e Reabilitação Cardíaca da SPC, Ana Abreu.
Cerca de mil pessoas poderia beneficiar destes programas, que ajudam a reduzir entre 20% a 25% a mortalidade a cinco anos. Estes programas não só têm em vista a mudança de estilos de vida, mas também várias semanas de sessões de exercícios monitorizados, com treinos em tapete, exercícios localizados com bolas ou elásticos, entre outros.
É por isso que, os meios necessários são poucos, mas para tudo funcionar é precisa uma equipa multidisciplinar: psicólogos, cardiopneumologistas, dietistas, assistentes sociais ou especialistas em fisiatria estão incluídos nestes programas. Além de os programas serem poucos, alguns deles, como o de Faro têm ainda uma vida curta.
Quitéria Rato, também membro do mesmo grupo que Ana Abreu, explica que a SPC "vai começar a fazer um trabalho de motivação com os hospitais e as autarquias para que contribuam e se organizem. Sabemos que há falta de recursos, mas aqui sabemos que pode ser feita alguma coisa só com trabalho de equipas e organização". Ao mesmo tempo, a SPC tem dado apoio na formação necessária a estes profissionais.
"Não podemos deixar que este continue a ser o parente pobre da cardiologia, quando é o que menos gasta e que traz bons resultados. Além da redução da mortalidade, os doentes ganham em bem-estar e qualidade de vida. E as unidades poupam recursos em internamentos e complicações dos doentes, que são evitados".