Só nos últimos três meses cinco pescadores morreram no Tejo

Entre os apanhadores de amêijoa há quem respeite o rio, só entrando em segurança, e quem corra riscos que podem ser fatais
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O rio Tejo é manhoso, tem baixios perigosos e correntes fortes, pinta-se de cinza e negro no inverno. Nas águas do rio que banha a capital já ficaram 14 pessoas (cinco delas nos últimos três meses), na maioria pescadores e apanhadores de amêijoa, nos últimos cinco anos, segundo dados da Capitania do Porto de Lisboa.

O DN foi até à praia fluvial do Samouco (Alcochete) ver de perto os perigos a que se sujeitam os que mais riscos correm, os apanhadores de amêijoa (apeados e de barco). Esta é uma atividade ilegal na maioria, já que são poucas as licenças emitidas. A apanha é praticada pelos locais, nas praias do Tejo, mas também por imigrantes de Leste - cada vez mais - e até pescadores de etnia cigana (fenómeno recente, nas praias fluviais do Barreiro).

Às 13.00 de 26 de fevereiro (quinta-feira), duas horas antes da maré de baixa-mar apontada para as 14.59, as nuvens negras pairavam sobre o Tejo como que a ameaçar tempestade. O vento frio golpeava os rostos. Ainda assim, os apanhadores de amêijoa da praia do Samouco preparavam-se para enfrentar o rio, a lama e o lodo de galochas, gadanha (ancinho) e raspador às costas, tendo como horizonte o casario de Lisboa e as duas pontes, a 25 de Abril à esquerda e a Vasco da Gama à direita. A maré nem é a melhor, está a 1,40 metros quando o ideal é ser inferior a um metro.

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