Siza Vieira representa Portugal na Bienal de Veneza

Projeto de habitação social do arquiteto para a ilha de Giudecca, em Veneza, representa Portugal na edição deste ano, que tem curadoria de Alejandro Arvena, prémio Pritzker de 2016
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O arquiteto Álvaro Siza Vieira vai representar Portugal na exposição de arquitetura da Bienal de Veneza, em maio, em Itália, afirmou à agência Lusa o diretor-geral das Artes, Carlos Moura-Carvalho.

A escolha de Siza Vieira, decidida ainda no verão passado, é comissariada pelos arquitetos Nuno Grande e Roberto Cremascoli, a convite da Direção-Geral das Artes (DGArtes), e terá uma ligação direta e de proximidade com os habitantes e a arquitetura da cidade.

Segundo Carlos Moura-Carvalho, a participação portuguesa consistirá na exposição do projeto de loteamento de habitação social, que Siza Vieira desenhou há mais de trinta anos, e cuja construção ficou incompleta. A construção de um dos edifícios habitacionais deverá ser retomada agora, por causa da proposta portuguesa.

Em comunicado, o ministro da Cultura, João Soares, afirma que "este projeto homenageia a obra de um dos arquitetos mais conceituados" do país e "foca uma temática da maior relevância e atualidade -- o papel social da arquitetura".

A participação portuguesa na edição deste ano da Bienal de Arquitetura de Veneza, foi adiantada na edição de hoje do jornal Público.

O diretor-geral das Artes explicou à Lusa que a ideia era apresentar uma exposição "que tivesse a ver com habitação social, que tivesse a ver com a importância da vizinhança, da proximidade, de receber pessoas de origens diferentes, através da construção e das artes".

Siza Vieira acabou por ser a escolha mais lógica, tendo em conta que tinha desenhado um projeto de habitação social para a ilha de Giudecca, em Veneza, que tem moradores, mas não está totalmente concluído. É lá que o projeto arquitetónico de Siza Vieira será mostrado.

A escolha enquadra-se no mote da 15.ª Bienal de Veneza - "Reporting from the front" -, com curadoria do chileno Alejandro Aravena, recém-distinguido com o Prémio Pritzker de arquitetura, que defende a importância da arquitetura no aumento da qualidade de vida das pessoas.

Já o arquiteto Nuno Grande, um dos comissários da representação portuguesa, explicou à agência Lusa a escolha de Siza Vieira: "Anda há quarenta anos a falar disso e essa faceta sobre a habitação social - a relação com as pessoas - não tem sido ainda muito falada. É sempre sempre justo voltar ao trabalho dele".

Além do projeto daquela habitação social, a exposição em Veneza contará ainda com outros trabalhos, nesse âmbito, que Siza Vieira desenvolveu ao longo das últimas décadas, em locais como Porto, Haia e Berlim.

De acordo com o diretor-geral das Artes, a representação de Portugal na bienal terá um custo inferior a 150.000 euros e contará com parcerias, nomeadamente com o Centro Canadiano para a Arquitetura, onde está parte do acervo de Siza Vieira, e do arquiteto Aldo Rossi, o autor de um dos prédios de habitação do loteamento em causa na ilha de Giudecca.

Carlos Moura-Carvalho referiu que foram mantidas várias negociações com as autoridades locais com vista à conclusão do projeto de Siza Vieira. Em fevereiro deverá ser lançado o concurso de empreitada para a construção do que resta e o diretor-geral das Artes espera que haja empresas portuguesas a concorrerem.

Veneza voltará a ver a obra de Siza Vieira, depois de ter atribuído ao arquiteto português, em 2012, o Leão de Ouro, o prémio de carreira.

A 15.ª edição da Bienal de Arquitetura decorrerá de 28 de maio a 27 de novembro, com a participação de 48 países em vários espaços de Veneza, com curadoria do arquiteto chileno Alejandro Aravena.

Distinguido na semana passada com o Prémio Pritzker, Alejandro Aravena explica, na página oficial da bienal, a nota de intenções desta edição: "Cada vez mais pessoas procuram no mundo um lugar decente para viver, e as condições para conseguirem isso tornam-se mais e mais difíceis a cada hora que passa (...) A arquitetura é olhar para a realidade com um objetivo definido".

Em 2014, a participação de Portugal na Bienal de Arquitetura ficou-se por um projeto em forma de jornal, de distribuição gratuita, que teve três edições, cada uma com uma tiragem de 55 mil exemplares.

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