Sinfónica Portuguesa regressa ao CCB com um programa vienense
A Orquestra Sinfónica Portuguesa toca esta noite (21.00), no Grande Auditório do CCB, um programa que fala todo ele alemão, mesmo se com forte "sotaque" austríaco o início é com as Seis Peças para Orquestra, op. 6, de Anton Webern (1883-1945), uma das obras-primas do atonalismo vienense. A seguir, surgirá em palco a meio-soprano alemã Nadja Michael, solista nas Cinco Canções sobre poemas de Friedrich Rückert, de Gustav Mahler (1860-1911), compositor que vem mantendo uma presença insistente nos programas da OSP (até ao final da temporada, ainda executarão as sinfonias n.º 6 e n.º 7). As Rückert-Lieder foram compostas no Verão de 1901, excepto Liebst du um Schönheit, composta no final do Verão do ano seguinte, sendo portanto perfeitas contemporâneas da Sinfonia n.º 5 e do período em que o compositor conheceu Alma Schindler, que viria a tornar-se sua mulher.
Nadja Michael é presença assídua nos maiores palcos de ópera europeus. Na Staatsoper de Viena, já foi Carmen, Venus e Eboli na estreia absoluta da versão francesa do Don Carlos, de Verdi, naquele teatro. Começou nesta temporada uma "transferência" para o repertório de soprano, estreando-se como Marietta em Die tote Stadt (de Korngold), a que se seguirão, na próxima temporada, Sieglinde (A Valquíria), em Dresden, Salomé na ópera de Strauss (em Leipzig) e a Leonora do Fidelio, em Oslo.
A segunda parte será preenchida pela Sinfonia n.º 4, em mi m, op. 98 (de 1884/85), de Brahms. O maestro austríaco Leopold Hager estreia-se neste concerto à frente da OSP. Aos 69 anos, este nativo de Salzburgo é um dos mais conhecidos e respeitados maestros do seu país, trabalhando regularmente com a Ópera de Viena e com as duas principais orquestras da capital austríaca os Filarmónicos e os Sinfónicos. Já esteve à frente da Orquestra do Mozarteum de Salzburgo (onde construiu uma extensa discografia mozartiana) e, a partir da próxima temporada, assumirá a direcção da Orquestra da Volksoper de Viena. No estrangeiro, Hager acusa no currículo presenças nos mais importantes teatros de ópera da Europa e América e muitas das principais orquestras.
Próximos compromissos da OSP incluem o Requiem em dó m, de Cherubini (Festa da Música) e uns Carmina Burana (4, 6 e 8 de Maio), no Teatro São Carlos.