Símbolo de Tróia vai colapsar sobre si próprio
O método de demolição por implosão consiste em colocar um número determinado de explosivos em certos pontos-chave da estrutura (normalmente pilares), fazendo com que ela colapse sobre si própria e que, através do seu peso, se fragmente o mais possível quando atinge o solo. "Chama-me implosão porque é uma explosão para dentro", explica o engenheiro Jorge de Brito, do Instituto Superior Técnico. A explosão é apenas o "gatilho" da demolição, poderá dizer-se. O que se passa é que é o peso da parte superior da estrutura que, ao cair, faz ruir todo o edifício que já está fragilizado. "A estrutura colapsa para dentro."
Vantagens. A primeira vantagem da implosão é a rapidez. Apesar de exigir uma minuciosa preparação (no caso de Tróia, Jorge de Brito acredita que a operação estará a ser preparada há, pelo menos, um mês), esse período é, no entanto, reduzido quando comparado com outros métodos - recorde-se, por exemplo, as demoradas demolições dos estádios do Benfica, Sporting e Porto, que Jorge de Brito e a sua equipa do Técnico acompanharam. Além disso, dos vários métodos de demolição pelo uso controlado de explosivos, este é o mais indicado para estruturas pesadas e de elevado porte, como é o caso das Torres de Tróia, que são altas (16 pisos) e feitas de cimento (um material bastante pesado), porque "é tanto mais eficaz quanto mais pesada for a massa que fica liberta e que vai cair sobre a base", explica este engenheiro.
Ao contrário do que se poderia pensar, uma das vantagens da implosão é a segurança. "As pessoas têm medo de andar de avião mas está provado que, relacionando o número de quilómetros percorridos e os acidentes ocorridos, é muito mais seguro andar de avião do que de carro. Com as demolições é a mesma coisa. Está estatisticamente comprovado que este é o método mais seguro, porque são tidos cuidados excepcionais", garante Jorge de Brito. A criação de uma área de exclusão - da qual devem ser evacuadas todas as pessoas e animais - pode ser uma desvantagem mas é uma garantia de segurança. Ao contrário dos métodos de demolição tradicionais, no momento da demolição não há qualquer trabalhador no local, pelo que se evitam os acidentes. E, mais uma vez, o facto de as explosões demorarem poucos segundos diminui o período de risco.
A rapidez da demolição é também vantajosa em termos económicos e ambientais "enquanto, numa demolição pelos métodos tradicionais, o ruído e o pó provocados se prolongam pelo tempo de duração da demolição de forma permanente, numa demolição pelo uso controlado de explosivos estes factores são circunscritos ao instante do colapso da estrutura". Em relação aos custos, é uma técnica cara mas "barata por comparação com outros métodos".
Riscos. Passemos então às desvantagens, que também existem. Uma implosão tem "um grande grau de risco potencial" e por isso é "uma autêntica operação militar", envolvendo necessariamente forças da segurança e da protecção civil. A retirada necessária de pessoas e animais dificulta a utilização deste método em locais com grande densidade populacional ou perto de hospitais. A onda de choque desaconselha o uso perto de prédios com vidros ou de locais com muitos computadores (mas nenhuma destas situação se regista em Tróia). O ruído, o pó e as vibrações são os principais inconvenientes. Mas, mais uma vez, é preciso avaliar estes incómodos em termos relativos "Desvantagens também os outros métodos têm. Vai-se formar uma nuvem de pó semelhante à que acontece numa pedreira, mas durará pouco tempo", explica Jorge de Brito. Uma demolição controlada deverá obter o máximo de fragmentação com o mínimo de estilhaços, pelo que se devem tomar todas as medidas para reduzir a projecção de materiais.
Antes de realizar uma demolição, a equipa deverá conhecer bem o edifício e realizar alguns testes, de modo a prever o comportamento da estrutura. Daí chamar-se "demolição controlada". Muitas vezes, são até desenvolvidos programas de simulação em computador e é assim, tendo em conta a estrutura do edifício e o seu tamanho, que se decide o tipo e a quantidade de explosivos a utilizar. Para demolir colunas de cimento usa-se geralmente dinamite, sempre na mínima quantidade possível.
Ambiente. O ideal é que antes da implosão se faça uma demolição selectiva (retirando madeiras, vidros, canalizações e tudo o mais, reencaminhando os materiais para reciclagem) e que, depois da implosão, se faça reciclagem do betão e do aço separadamente. "A implosão dificulta este trabalho mas é importante que ele seja feito e que não se envie todo o entulho para um enterro", avisa Jorge de Brito.