Sijak! - A liderança patenteada na implementação de princípios
No cenário crítico e determinante que o Mundo enfrenta, suscita-se refletir sobre o que faz uma boa liderança.
Liderar é humano, é ajudar e influenciar o próximo, incutindo melhores performances para alcançar os objetivos. Daí que, segundo pesquisa recente da FORBES, a empatia seja hoje considerada uma competência indispensável ao líder.
E liderar é servir, é modelar pelo exemplo e é conquistar respeito. Por isso, a integridade é por alguns considerada a mais valiosa qualidade dos bons líderes. Comunicar é também parte fundamental da liderança.
Alicerçado em princípios o exercício do líder implica modos diferentes em distintos níveis das organizações. A liderança faz-se em contexto e influenciando a 360º.
Visando melhores performances, as lideranças das organizações poderão aprender com os exemplos dos desportos onde os princípios e os métodos utilizados constituem boas ferramentas. A este propósito, sirvo-me da experiência pessoal de dez anos como praticante de taekwondo.
O taekwondo é uma arte marcial coreana da qual originou o desporto olímpico hoje difundido em todos os continentes. O nome funde três ideogramasː tae_pés, kwon_mãos e do_caminho. E daí se dizer que é "o caminho dos pés e das mãos", um sistema de defesa pessoal que utiliza formas "poomsaes", como meio de treinar o corpo, a mente e o espírito.
A poomsae taeguk integra conjuntos de formas simétricas, replicando ataques e defesas, com significados associados à união dos opostos, e, baseados nos trigramas da filosofia do I Ching. A aprendizagem de cada uma das oito partes da taeguk implica primeiro memorizar a plenitude da coreografia e as cerca de vinte posições tipicamente envolvidas. Depois, há que conseguir que o corpo execute o que a mente quer, exigindo-se autodomínio em cada movimento e gesto, para conseguir execuções com a potência e as definições adequadas. E a realização da taeguk inicia-se sempre com a palavra Sijak, que significa começar ou passar à ação.
Alguns mestres e academias, como é o caso daquela a que pertenço, exploram o taekwondo no sentido de os praticantes poderem reforçar as suas competências físicas, emocionais e sociais, potenciando as capacidades de liderarem a sua vida toda, enquanto seres humanos em desenvolvimento. E a abordagem centra-se nos cinco princípios éticos do taekwondo: cortesia, integridade, perseverança, autodomínio e espírito indomável.
Os princípios evidenciam-se de forma combinada. A cortesia está presente desde que entramos no tatami e a perseverança é indispensável para evolução, desde logo, para alcançarmos o almejado cinto negro.
A integridade associa-se à justiça, e, à responsabilidade com o próprio e com os outros. Por isso é para mim o princípio mais desafiante. Mesmo com determinação, questiono se alguma vez conseguiremos alcançar este princípio na plenitude?
O desafio da superação e a melhoria resultante da prática relevam a importância de treinar. Mas treinar não é jogar ou lutar! É no terreno, no tatami de taekwondo, que se avalia a implementação dos princípios.
É na resposta a situações adversas que se vê a coerência na concretização dos princípios e se patenteia a cultura organizacional. E a cultura, além dos princípios, depende dos efetivos comportamentos e das crenças dos indivíduos quanto a serem observados por algo superior, seja ele um Deus, ou um superior hierárquico.
Nos dias de hoje, merece destaque a liderança empática e determinada de Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, que o Financial Times designou como "líder para tempos difíceis". Entre outros, os resultados e a forma como combateu a covid-19, provam que o mundo precisa de um novo tipo de liderança.
É nos desafios críticos e complexos, com a coerência na implementação de bons princípios que as lideranças se distinguem, e, conquistam o reconhecimento. Sijak!
Consultor, Gestor de Negócios e Conferencista / Praticante de Taekwondo