Sexólogos recomendam feira

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Eles vão em grupos ou sozinhos. Elas preferem levar o companheiro. Mas, de uma forma ou outra, são muitos os portugueses que se deslocam ao Salão Erótico, que amanhã encerra na FIL, em Lisboa. E a frequência até é recomendada, inclusive para quem tem problemas sexuais. O que não dispensa o tratamento médico. O DN visitou a exposição acompanhado por dois sexólogos.

Bruno Inglês e Erika Morbeck são psicólogos e mestres em sexologia. Fazem consultas da especialidade no Hospital Júlio de Matos e cada um trata preferencialmente doentes do seu sexo, porque estes assim o desejam. Aconselham a compra de produtos ou a frequência de alguns locais como os que estão representados no Salão Erótico, porque é bem-vindo tudo o que sirva para melhorar a relação sexual. Mas estas visitas devem ter um enquadramento e, em caso de disfunção sexual, é necessário um acompanhamento médico. Além disso, só indicam os lubrificantes, gel e medicamente testados clinicamente e esses vendem-se sobretudo nas farmácias.

"Temos de avaliar a pessoa, física e psicologicamente, incluindo as crenças e tabus. Só a partir daí é que podemos elaborar a terapêutica", justifica Erika. Bruno acrescenta "Às vezes, na base da disfunção sexual há um problema de saúde - nomeadamente os diabetes ou depressão - ou problemas conjugais". Cada caso clínico é um caso e não se pode generalizar, mas há diferenças de género. O homem é mais egoísta e quando procura um artigo sexual é para seu prazer. A mulher partilha mais e quando vai a uma loja é para satisfazer o parceiro. Talvez por isso sejam cada vez mais frequentadoras de sex shops.

homens. A ejaculação precoce é o problema sexual masculino mais frequente. Alguns objectos podem ajudar. Preservativos mais espessos reduzem a sensibilidade e retardam a ejaculação. O anel constritor é recomendado por dificultar a circulação do sangue, retardando a ejaculação - não deve, no entanto, ser usado durante muito tempo. Pode fazer-se um anel a partir de um preservativo não se desenrola, corta-se o reservatório e coloca-se o mais próximo possível do corpo.

Em geral, os homens que sofrem de ejaculação precoce não têm companheira ou têm relações sexuais esporádicas, daí que se aconselhem as vaginas realistas para que o ejaculador precoce tenha contacto com a realidade. Estas vão desde a vagina isolada até às publicitadas bonecas. Uma vagina pode custar três euros e uma boneca 77 e há réplicas de mulheres a seis mil euros.

A disfunção eréctil é a segunda queixa, mais fácil de tratar desde que apareceram os comprimidos "milagre". Uma caixa de quatro unidades custa cerca de 40 euros. Os mais recomendados - Cialis - actuam durante 36 horas. A erecção não dura um dia e meio, mas o homem reage facilmente a estímulos sexuais durante esse período. As bombas de vácuo são usadas em casos extremos, quando o Viagra não funciona. A bomba puxa o sangue ao pénis e tem na base um anel que aperta. Também se pode usar o anel constritor.

Falta de desejo sexual é outro dos problemas masculinos. Deve-se muitas vezes à rotina do casal ou ao uso de medicamentos como anti-depressivos. Aqui, dizem os médicos, vale tudo, "desde que ambos o aceitem". Filmes, lingerie, jogos, fétiches. O respeito mútuo é a palavra de ordem. E quanto mais cumplicidade melhor.

mulheres. A falta de desejo sexual é o problema mais frequente entre as mulheres. A terapia é igual à dos homens serve tudo, incluindo vibradores. Existem para todos os gostos, tamanhos, fins e bolsos, a partir de oito euros. A anorgasmia (ausência de orgasmo) é o segundo problema sexual feminino, sendo de aconselhar o uso de vibradores e filmes pornográficos.

O vaginismo é a terceira disfunção sexual na mulher. Esta não consegue ter coito porque há uma contracção de uma parte da vagina externa. Às vezes é tão grave que nem se consegue fazer exames ginecológicos. O terapeuta tem um longo trabalho de avaliação psicológica e aconselha o uso de um vibrador, devendo-se começar pelos mais finos. Este é um tratamento que elas preferem fazer sozinhas, o que é mais difícil, já que a maioria destas mulheres tem um grande tabu sobre a masturbação.

A rotina, não sendo uma doença como a dispareunia (dor durante o coito), pode matar mais o desejo sexual do que qualquer outra. Portanto, aconselham-se a todos os casais jogos sexuais, lingerie e outros artigos para "apimentar" a relação.

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