Sexo em Portugal: Idade e duração das relações não são relevantes
A confiança e a segurança são agentes fundamentais para o prazer sexual, mas a idade e a duração das relações não são relevantes. Já a insatisfação com a imagem corporal tem impacto na vida sexual dos mais jovens (até aos 34 anos). Estas são algumas das conclusões a que chegou o estudo online português que pretende analisar "experiências e fatores associados" ao prazer sexual dos portugueses, cujos resultados preliminares foram esta quarta-feira conhecidos. Para os inquiridos, o prazer sexual é uma "experiência complexa" que vai além do orgasmo.
De acordo com a investigação "a maioria das pessoas diz masturbar-se (65%) e 48% refere ter atividade sexual semanalmente". A masturbação é, no entanto, considerada uma "fonte de prazer menos intensa do que a atividade sexual com outros", indica o estudo desenvolvido por Patrícia M. Pascoal, diretora do mestrado Transdisciplinar de Sexologia da Universidade Lusófona, com a colaboração de Marta Crawford, fundadora do MUSEX - Museu Pedagógico do Sexo, e de Tiago Sigorelho, presidente da Associação Gerador.
Até 23 de fevereiro responderam a este inquérito online 1.624 pessoas, com idades compreendidas entre os 18 e os 83 anos, sendo que a idade média de quem participou é de 40 anos.
"A amostra deste estudo é constituída por pessoas que sentem muito prazer com a sua sexualidade e, por isso, é essencial que se interpretem estes dados à luz deste dado", refere Patrícia M. Pascoal, investigadora principal da investigação.
Apesar dos aspetos positivos da satisfação sexual a sós, em que é destacado por quem participou no estudo o papel importante "enquanto indutor de relaxamento", a investigação indica que algumas pessoas vivem a masturbação como "um momento de frustração e tristeza". "Porque simboliza a insatisfação na vida sexual" ou "porque necessitam de recorrer à imaginação ou à pornografia, algo que fazem com culpabilidade", lê-se na nota enviada às redações sobre o estudo.
Ainda sobre comportamentos sexuais, os dados preliminares do estudo referem que "cerca de 90% das pessoas tenta novas posições sexuais com alguma regularidade e à volta de 80% disse que assiste a pornografia a sós com alguma regularidade".
Segundo o estudo, "cerca de 65% revelou usar um brinquedo sexual com alguma regularidade e a mesma percentagem adiantou fazer sexting com consentimento. Ronda os 25% o número de pessoas que faz sexo sado-maso ou fetichista com alguma regularidade e à volta de 21% pratica cibersexo".
Do total das pessoas inquiridas, quase 20 por cento (17%) "diz sentir que tem um problema sexual". Deste grupo, "56% refere não ter acompanhamento clínico, mas que gostaria de ter".
Entre as razões apontadas para não procurarem acompanhamento para o problema sexual que dizem sentir estão as questões financeiras, "a atribuição do problema a outra pessoa e falta de fé na eficácia destas intervenções".
Uma das conclusões que se pode extrair dos dados preliminares deste estudo é que as pessoas que responderam ao inquérito online consideram que o prazer sexual "está muito associado à proximidade sentida" com o outro, bem como "à satisfação com a relação". "A comunicação explícita acerca do que se gosta ou não sexualmente, o nível de proximidade, a iniciativa e a prática de sexo oral também estão relacionados ao prazer sexual", refere ainda o comunicado.
"A duração do relacionamento, contudo, não está relacionada com o prazer sexual, ou seja, não é a longevidade ou a novidade da relação que está associada ao prazer sexual, mas sim a qualidade relacional e a proximidade que se sente".
A imagem corporal e o seu impacto na vivência sexual foi também abordada neste estudo, com a maioria a indica que está satisfeita com o seu corpo.
Contudo, nas camadas mais jovens (até aos 34 anos) "há uma maior associação entre a falta de prazer sexual e a insatisfação com imagem corporal do que parece haver noutras faixas etárias".
Para os investigadores, este dado pode estar associado "quer à idade em si, uma vez que em diferentes fases do percurso de vida a imagem pode pesar menos na apreciação e estima globais, quer ao contexto cultural, já que as pessoas mais velhas estiveram menos expostas à divulgação e apreciação massiva e regular da sua imagem em diferentes plataformas".
Dos que responderam ao inquérito online, 63% estão em relações monogâmicas, "apesar de haver quem assuma relações extraconjugais e relacionamento não monogâmicos consensuais".