Seul intensifica caça às câmaras ocultas nas casas de banho

O fenómeno "molka" supõe a instalação de <em>câmaras ocultas</em>, chamadas de spycams, em casas de banho, balneários ou piscinas. Em 2017, foram apresentadas mais de 6500 queixas na polícia e presas mais de 16 mil pessoas por filmagens ilegais.
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Seul está a intensificar a caça às câmaras ocultas nas casas de banho públicas. Depois de nos últimos meses mais de 25 mil mulheres terem saído à rua contra o chamado fenómeno molka - supõe a instalação de câmaras ocultas, chamadas de spycams, em casas de banho, balneários ou piscinas e mesmo debaixo de secretárias para filmar as partes íntimas das pessoas, na sua grande maioria mulheres, e depois usadas no negócio da pornografia e prostituição.

Como é possível ver no vídeo abaixo, existem verdadeiras brigadas de caça às spycams. Várias pessoas, devidamente identificadas, passam revistas aos locais de maior privacidade, acompanhados por um polícia e munidos de um aparelho que deteta a existência de aparelhos eletrónicos.

As filmagens ilegais são um problema sério que a Coreia do Sul vem enfrentando na última década. Um problema reconhecido pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que recentemente apelou à aprovação de leis mais rígidas para travar o fenómeno de agressão e ofensa sexual.

Até agora quem era preso por colocar uma câmara oculta tinha de pagar uma multa até 7440 euros e podia ser condenado até cinco anos de prisão. No entanto, o mais habitual, é os acusados pagarem uma pequena multa e ficarem livres. Só 2% os que foram apanhadas ficaram mesmo detidos e a cumprir pena.

O aumento do número de crimes e a sensação de impunidade fez com que mais de 400 mil pessoas assinassem uma petição online para forçar a polícia a investigar a fundo todos os casos de molka, dando origem a um movimento idêntico ao #MeToo, que tomou de assalto Hollywood.

Mais de 6500 queixas em 2017

Esta medida surge depois de mais uma gigantesca manifestação contra o molka, uma forma de agressão sexual que consiste na recolha ilegal de imagens de mulheres na intimidade.

O fenómeno molka supõe a instalação de câmaras ocultas, as chamadas spycams usadas para filmar as partes íntimas das mulheres. O conteúdo acaba por ir parar à Internet e catalogado como pornografia. Muitas das queixas referem-se mesmos a vídeos dessas mulheres que são depois usados como publicidade para negócios relacionados com prostituição.

O problema já vem de longe e só em 2010 tinham sido já registadas cerca de mil queixas de mulheres por causa domolka. E no ano passado, foram cerca de 6500, havendo ainda a registar alguns casos de suicídio nos últimos anos devido a esse fenómeno, segundo informação veiculada pela Euronews. Mas a quantidade real pode ser ainda maior. Das 16.021 pessoas presas por fazer filmagens ilegais entre 2012 e 2017, 98% eram homens. As mulheres representavam 84% das vítimas.

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