Seul intensifica caça às câmaras ocultas nas casas de banho
Seul está a intensificar a caça às câmaras ocultas nas casas de banho públicas. Depois de nos últimos meses mais de 25 mil mulheres terem saído à rua contra o chamado fenómeno molka - supõe a instalação de câmaras ocultas, chamadas de spycams, em casas de banho, balneários ou piscinas e mesmo debaixo de secretárias para filmar as partes íntimas das pessoas, na sua grande maioria mulheres, e depois usadas no negócio da pornografia e prostituição.
Como é possível ver no vídeo abaixo, existem verdadeiras brigadas de caça às spycams. Várias pessoas, devidamente identificadas, passam revistas aos locais de maior privacidade, acompanhados por um polícia e munidos de um aparelho que deteta a existência de aparelhos eletrónicos.
As filmagens ilegais são um problema sério que a Coreia do Sul vem enfrentando na última década. Um problema reconhecido pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que recentemente apelou à aprovação de leis mais rígidas para travar o fenómeno de agressão e ofensa sexual.
Até agora quem era preso por colocar uma câmara oculta tinha de pagar uma multa até 7440 euros e podia ser condenado até cinco anos de prisão. No entanto, o mais habitual, é os acusados pagarem uma pequena multa e ficarem livres. Só 2% os que foram apanhadas ficaram mesmo detidos e a cumprir pena.
O aumento do número de crimes e a sensação de impunidade fez com que mais de 400 mil pessoas assinassem uma petição online para forçar a polícia a investigar a fundo todos os casos de molka, dando origem a um movimento idêntico ao #MeToo, que tomou de assalto Hollywood.
Esta medida surge depois de mais uma gigantesca manifestação contra o molka, uma forma de agressão sexual que consiste na recolha ilegal de imagens de mulheres na intimidade.
O fenómeno molka supõe a instalação de câmaras ocultas, as chamadas spycams usadas para filmar as partes íntimas das mulheres. O conteúdo acaba por ir parar à Internet e catalogado como pornografia. Muitas das queixas referem-se mesmos a vídeos dessas mulheres que são depois usados como publicidade para negócios relacionados com prostituição.
O problema já vem de longe e só em 2010 tinham sido já registadas cerca de mil queixas de mulheres por causa domolka. E no ano passado, foram cerca de 6500, havendo ainda a registar alguns casos de suicídio nos últimos anos devido a esse fenómeno, segundo informação veiculada pela Euronews. Mas a quantidade real pode ser ainda maior. Das 16.021 pessoas presas por fazer filmagens ilegais entre 2012 e 2017, 98% eram homens. As mulheres representavam 84% das vítimas.