Seu Jorge mostra um Brasil sem estereótipos

Músico brasileiro falou com o DN sobre o seu novo grupo, os Almaz, que vão apresentar-se hoje e amanhã no Porto e em Lisboa.
Publicado a
Atualizado a

Seu Jorge já tinha surpreendido quando há cinco anos se entregou às canções de David Bowie para a banda sonora de Um Peixe fora de Água (2005), de Wes Anderson. Agora fez-se acompanhar por uma nova banda, os Almaz, e juntos gravaram um disco em que reinterpreta canções de artistas como Michael Jackson, Roy Ayers ou Kraftwerk. Será este espectáculo que o músico vai apresentar hoje no Coliseu do Porto e amanhã no Coliseu de Lisboa.

"Uma pessoa tem de fazer aquilo de que realmente gosta, não se deve importar com o que é que os outros poderão pensar, por isso não poderia perder a oportunidade de interpretar estas canções. Claro que cantar Michael Jackson é um risco, porque ele esgotou todas as possibilidades de interpretação em tudo o que cantou, mas a intenção aqui nem foi ficar melhor, foi só a de lembrar o artista", afirmou ao DN o cantor Seu Jorge.

A ideia deste projecto começou quando António Pinto (compositor de bandas sonoras, como por exemplo a de Cidade de Deus), Lúcio Maia e Pupillo (ambos da Nação Zumbi) convidaram Seu Jorge para gravar um tema para o filme Linha de Passe, de Walter Salles.

Um dos objectivos de Seu Jorge com este grupo foi o de mostrar ao mundo um outro Brasil que nem sempre é tão divulgado: "Temos de esquecer tudo o que deu errado e começar a construir uma história nova. Acredito que as pessoas estão cansadas de conhecer a farofa, a caipirinha, todos esses estereótipos. Nós temos muito mais coisas no Brasil e acho que este é o momento para mostrar o Brasil que está indo bem, apesar da crise mundial", explicou.

Com os Almaz, o músico também reinterpretou uma série de músicas do seu país, sendo que ao DN confessou que a sua carreira internacional lhe permitiu ter um olhar diferente sobre o Brasil: "Nos últimos dez anos percorri o mundo e começou por ser assim porque não encontrava um espaço de compreensão para o que eu faço no meu país. Isso fez-me olhar o Brasil de fora, conhecendo-o bem de dentro, e essa possibilidade de estar fora fez-me ter uma comunicação com o Brasil que lá dentro nunca tive", afirmou.

Primeiro, Seu Jorge & Almaz apresentaram este trabalho nos EUA, agora estão pela Europa, e no final da digressão é que vão actuar no Brasil. As reacções têm passado muito pela estranheza: "O público brasileiro que está fora do seu país está sedento do ícone do Seu Jorge, que traz a música típica e original do Brasil, da qual sentem falta, porque lhe faz lembrar o cheiro a feijão, o sabor da farofa e todos esses clichés. Esse público estranha ver-me com esta formação, mas nós não estamos a renegar nada, simplesmente estamos a comunicar com o mundo."

Os bilhetes para esta noite, no Porto, vão dos 27 aos 30 euros, enquanto em Lisboa as entradas vão dos 29 aos 32,5 euros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt