Sete detidos por abate clandestino de animais
Algarve. Apreendidas 260 cabras e ovelhas
Uma operação de combate ao abate clandestino de animais para consumo humano, na sequência de denúncias anónimas e após investigações durante um mês, permitiu à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) deter, no domingo, sete homens na zona de Vale Bravo, numa quinta perto de São Bartolomeu de Messines, Silves. Foram apreendidos 290 caprinos e ovinos, além de facas, afiadores, peles e três viaturas que estavam a ser utilizadas para o transporte do gado. Segundo a ASAE, "no momento da intervenção, estavam a ser abatidos quatro animais com destino a consumo público". O valor dos bens apreendidos está orçado em 18 785 euros.
O proprietário do terreno, Eduardo Correia, de 40 anos, e os restantes seis indivíduos - dois dos quais agricultores marroquinos, que compravam cada animal "para comer" por preços entre 55 e 60 euros - começaram a ser, ontem à tarde, ouvidos num processo sumário, no Tribunal de Silves. O julgamento que foi interrompido por falta do registo criminal dos arguidos, prossegue no próximo dia 16. O suspeitos, residentes nas zonas de Silves e Portimão, onde alguns trabalham na construção civil, estão acusados da prática de crime de abate clandestino, punível com pena de prisão até três anos, ou pena de multa de, pelo menos, cem dias.
Ao certo não se sabe há quanto tempo decorria o abate ilegal dos animais. Os dois marroquinos, de 20 e 31 anos, alegaram que, por serem muçulmanos, só comem carne de animais que matam. Por isso, compram-na directamente aos produtores. Já outros arguidos, com dificuldades económicas, justificaram a compra naquele matadouro clandestino com o facto de a carne ali ser "muito mais barata".
A advogada Sandra Vicente, defensora oficiosa da maioria dos réus, disse ao DN que estes acreditavam que o proprietário da quinta podia vender os animais, "atendendo ao elevado número, mais de 260" ali existentes, embora reconheçam que, sem controlo sanitário, existe "perigo para a saúde pública". Já para Felicidade Lopes, advogada do dono do terreno, "a simplicidade das pessoas do campo às vezes leva-as a fazer determinadas coisas que os avós e os pais sempre fizeram. Nessa altura, não era ilegal, e as pessoas continuaram a fazê-lo na firme convicção de que não estão a fazer nada de mal".|