Serviço público
Eu percebo o esforço que neste momento se faz na RTP para impedir que o processo de privatização em curso perturbe a gestão corrente das antenas, ou mesmo da empresa em geral. Outros momentos houve em que a estação pública poderia ter começado a preparar-se para tal advento e, afinal, teria perdido o seu tempo.
Mas é preciso que na Gomes da Costa haja um plano B para entrar em funcionamento a qualquer momento. Por exemplo: programas segundo o modelo deste Há Volta, o formato com que a estação vai voltar a rodear de música pimba a Volta a Portugal, simplesmente não terão cabimento na RTP após a privatização de uma das frequências. E a ideia de que é preciso posicionar desde já a estação na corrida aos Jogos Olímpicos de 2016 porque Londres 2012 teve boas audiências, lamento dizê-lo, contém tantos erros de perceção juntos que se torna mesmo difícil de rebater.
Na RTP do futuro, transmitir os Jogos Olímpicos terá de ser uma obrigação independentemente das audiências. Por outro lado, haja uma só estação privada interessada no evento e a RTP deve sair imediatamente da corrida.
Eis o que me parece ser o essencial na definição do serviço público a prestar pela Gomes da Costa. Primeiro, qualidade, qualidade, qualidade (para brejeirice já aí andam as privadas). Depois, garantia de transmissão de todos os eventos com relevância patriótica (sim, já sei que é uma palavra fora de moda, mas felizmente o conceito não). E, depois ainda, desistência dessa transmissão sempre que uma privada entrar na corrida.
A RTP terá de ser sempre uma alternativa. Um backup. De resto, boas audiências, significando bom negócio, até podem ser mau sinal. Simplesmente não deve haver negócio.