É uma pequena tartaruga, mas carrega uma tarefa de enorme peso e responsabilidade. Moli é a sucessora de Noddy no espaço infantil da 2, Zig Zag. .Com As Aventuras de Moli a RTP voltou a abrir o horário nobre do "canal dos infantis" à animação feita em Portugal, depois de projectos de sucesso como Os Patinhos, As Coisas lá de Casa ou Bom Dia Benjamim (actualmente em exibição). .Teresa Paixão, responsável pelo Departamento de Programas Infanto-Juvenis da RTP, é entusiasta da produção nacional de animação, que - considera - "desilude menos que o cinema português". Na apresentação da nova série sublinhou as boas prestações da 2 nos públicos infantis, com o share a chegar aos dois dígitos, "o que é fantástico". .Na semana passada, a RTP avisou "os meninos e os pais" de que o Noddy foi de férias. Esta série, de cem episódios, passou cinco vezes (!) na 2. De cada vez que acabou, choveram protestos na televisão: "Os telespectadores não percebem que as séries têm um número limitado, querem sempre mais", diz Teresa Paixão..Dificilmente acontecerá o mesmo com As Aventuras de Moli. São 13 episódios, de quatro minutos cada, e não há orçamento para mais - pelo menos para já. A série foi financiada pelo concurso de apoio à produção de animação do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimedia de 2000 em cem mil euros, pela RTP em 20 mil euros e em dez mil euros pela produtora, a Animanostra. "O custo por minuto é muito baixo", resume Humberto Santana, da Animanostra. Por falta de dinheiro "não foi possível conseguir um formato internacional, que deve ter 26 episódios", explica. .Apesar deste cenário, considera que "a animação em Portugal tem registado uma capacidade de resistência ímpar". Uma das lacunas é a falta de escolas, " os profissionais aprendem nos estúdios". Mas para Humberto Santana é "essencial" que, no futuro, a RTP "se torne um parceiro para permitir viabilizar a produção nacional"..O autor da série, Ricardo Blanco, diz que apostou na "simplicidade dos bonecos". Durante três anos trabalhou neste projecto e foi com um sorriso cúmplice que assistiu à exibição dos primeiros episódios de As Aventuras de Moli. .Os desenhos animados da doce tartaruga, que tem muitos amigos no fundo do mar e é admiradora da Lua, já foram testados, com sucesso, "nas crianças mais chegadas". "Apostamos bastante nesta série e esperamos que tenha uma boa visibilidade dentro do público infantil", sublinhou Humberto Santana. Dentro de três semanas será editada em DVD mas para já está na 2 às 07.30 e às 19.30. .Em breve deverão chegar à RTP (SIC e TVI não querem estes produtos por causa do formato) outras propostas de animação portuguesas A História de Molero, de Afonso Cruz, e O Turno da Noite, de Nuno Duarte e Carlos Fernandes. Ricardo Blanco tem em mãos a produção de Eu Quero Ser, 26 episódios de três minutos baseados nos livros de José Jorge Letria..É que, apesar dos problemas financeiros, por cá faz-se animação e de qualidade - apesar de muitas vezes o público não o reconhecer. Por isso, Teresa Paixão sugere que se ponha nas séries a etiqueta "Made in Portugal", como se faz na roupa.