Seremos melhores em 2021?

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Todos os anos, na passagem para o ano novo, fazemos planos e promessas e formulamos desejos e sonhos. Em 2020, ano terrivelmente marcado pela pandemia de covid-19 e pelos seus efeitos brutais na economia e na sociedade, prometemos - de março a dezembro, quando a pandemia afetou as nossas vidas - que seríamos melhores pessoas. Quando assistimos ou participámos de ondas de solidariedade. Quando nos comovemos com as imagens do esforço notável dos profissionais de saúde a tentar salvar cidadãos infetados nos cuidados intensivos dos hospitais, num cenário quase irreal.

Neste final de ano - decerto celebrado maioritariamente em casa -, os desejos da maioria de nós (e dos povos do mundo), quando comermos as passas à meia-noite de um ano que nunca mais acaba, são previsíveis na ansiedade: que 2021 traga o fim da pandemia, vacinas para todos, recuperação económica, emprego, menos desigualdades, além da saúde, que nunca está assegurada. É um desejo legítimo, pois estamos fartos do "novo normal", das máscaras, do desinfetante, do risco de contágio.

No início da pandemia, ouvimos cânticos à varanda pela Europa, batemos palmas a médicos, enfermeiros, auxiliares e a todas as pessoas que dão o seu melhor para salvar vidas. Auxiliámos familiares, procurámos respostas às perguntas das crianças. Seguimos as orientações públicas que, em Portugal e noutros países, foram sendo transmitidas para prevenir a segunda vaga. Acreditámos que depois disto seríamos melhores cidadãos, mais solidários, menos egoístas. Alguns acreditaram até que tudo ficaria bem. Na primavera, parecia que solidariedade e civismo tinham vencido covid e egoísmo.

E veio a segunda vaga, pós-verão. Alguns comportamentos mudaram para pior e nem todos perceberam a importância de seguir normas. Mesmo que, por vezes, não concordássemos com o conteúdo e a forma das comunicações dos governantes, da DGS e de especialistas, o dever social e comunitário seria o de tudo fazer para reduzir o número de mortes e de pessoas atingidas por um inimigo invisível. Agora, receamos a terceira vaga em janeiro, maior ou menor conforme os comportamentos sociais ou familiares de Natal e Ano Novo. Hoje, apesar da bondade das intenções e dos sonhos, muitos de nós duvidamos de que o comportamento por efeito da pandemia tenha melhorado, sobretudo homens e mulheres cujo carácter egoísta se acentuou. A dia 1 e seguintes do tão ansiado 2021, quem é ruim (usando a expressão popular) ruim ficará. Há quem não perceba que há uma pandemia para vencer e empresas e países para reerguer. Não se trata de pessimismo, mas a verdade é que as organizações vencedoras de 2021 dispensarão visões egoístas daqueles ou daquelas que se preocupam só com agendas próprias, sem olhar em redor para apoiar corajosamente todos os que lutam por manter o emprego, o sustento, o negócio.

Bom ano!

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