Separar famílias vai afundar Trump? Da Rússia aos supremacistas brancos, tem resistido a tudo
"Temos sempre que prender as pessoas que entram no nosso país ilegalmente. Das 12 mil crianças, dez mil estão a ser enviadas pelos pais numa viagem muito perigosa e só duas mil estão com os pais, muitos deles tentaram entrar no nosso país ilegalmente em várias ocasiões", escreveu Trump no último tweet sobre a separação de famílias de imigrantes ilegais que entram nos EUA.
O presidente americano soma e segue na defesa de uma política de imigração mais dura e no reforço das fronteiras - uma das suas principais promessas eleitorais, com a construção do muro na fronteira com o México -, indiferente às críticas dos democratas e até de alguns republicanos.
OS CRÍTICOS
As primeiras damas. Até Melania. Numa rara intervenção pública, a mulher de Donald Trump veio dizer que "odeia ver" famílias separadas na fronteira. Uma crítica em que foi acompanhada pelas antecessoras. Rosalynn Carter, Hillary Clinton (uma primeira dama que é muito mais do que isso - foi chefe da diplomacia americana e candidata presidencial derrotada por Trump), Laura Bush e Michelle Obama não pouparam as políticas do presidente republicano.
Os democratas. Foram os primeiros a reagir às notícias de que duas mil crianças foram separadas dos pais quando estes tentavam entrar ilegalmente no Texas. "[O presidente] pode resolver isto amanhã se quiser, e, se não o quiser fazer, terá de viver com o facto de ser responsável por isto", afirmou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer. A resposta de Trump não tardou: garantiu que a culpa é dos democratas. "Os democratas são o problema. Eles não se preocupam com o crime e querem que os imigrantes ilegais, não importa o quão maus eles possam ser, entrem e infestem o nosso país", escreveu no Twitter.
E até alguns republicanos. A começar pelo presidente da Câmara dos Representantes. Paul Ryan disse aos jornalistas em Washington: "Não queremos que crianças sejam separadas dos pais." Mas também senadores como Susan Collins do Maine ou ex-candidatos presidenciais como Jeb Bush.
OUTRAS POLÉMICAS
A verdadeira dúvida é se tantas críticas vão ou não ter algum impacto sobre Trump. Até agora o presidente parece ter escapado incólume a todos os casos que pareciam prestes a derrubá-lo. E começou ainda durante a campanha para as presidenciais de 2016. Para já a sua popularidade continua pouco acima dos 42% (segundo a Gallup), bastante estável e até acima dos 36,5% a que chegou em dezembro.
Agarrar mulheres. Em outubro de 2016, quando faltava um mês para as presidenciais, veio a público um vídeo de 2005 em que Trump, o candidato republicano, surgia a vangloriar-se de que quando se é rico podem agarrar-se mulheres "by the pussy". O escândalo não tardou a rebentar. As críticas vieram de todos os lados. Desde a rival democrata Hillary a muitos republicanos que se apressaram a afastar-se do milionário. Facto: apesar de ter tido menos três milhões de votos populares, Trump foi eleito presidente em novembro.
Rússia. A questão vem desde a campanha, mas agravou-se logo nos primeiros meses de presidência Trump com o departamento de Justiça a investigar as alegadas ingerências russas nas presidenciais americanas, para favorecer Trump. Vários elementos da Administração foram caindo, mas o presidente manteve a sua linha de conduta. Afastou o diretor do FBI James Comey em maio de 2017 e tem criticado fortemente Robert Mueller, o procurador especial nomeado para investigar o caso. Facto: Os democratas exigem o impeachment (a destituição) do presidente. Mas esse cenário está muito longe do horizonte, até porque os republicanos têm maioria nas duas câmaras do Congresso.
Supremacistas brancos. Depois de um homem se ter lançado de carro contra a multidão que protestava contra o racismo nos EUA e após confrontos com supremacistas brancos em Charlottesville em agosto, Trump veio garantir que a culpa "era dos dois lados". O suficiente para gerar novo coro de críticas. Mais uma vez de democratas e de alguns republicanos. Facto: Foi acusado de ser racista e teve o apoio do ex-líder do Ku Klux Klan, mas Trump não pediu desculpas pelas suas palavras.