Em situações de separação ou divórcio são as crianças que, por norma, alternam entre duas casas, passando a ter a sua casa com a mãe e a sua casa com o pai. Menos frequentemente, os pais optam por outra alternativa -- o chamado Birdnesting -- em que as crianças permanecem na casa de morada de família e são os pais que alternam entre si na residência e prestação dos cuidados..Quais são as vantagens e desvantagens desta situação? Será esta alternativa viável? A médio e longo prazo, será que funciona?.Esta solução tem algumas vantagens, desde logo o facto de as crianças se manterem no seu espaço físico e de não terem de se ajustar a uma mudança de casa, com tudo o que isso implica (por vezes, alteração de escola e de grupo de pares). Nesta situação, as crianças não precisam de andar com a "mochila às costas" e experienciam maior estabilidade e previsibilidade. Ao mesmo tempo, convivem regularmente com cada um dos pais, o que é muito importante do ponto de vista da sua segurança e da manutenção dos laços afetivos..As principais desvantagens relacionam-se, por um lado, com a necessidade de dois outros espaços físicos onde os pais possam permanecer quando não estão com os filhos. Esta é uma questão mais logística e que exige bons recursos económicos (no total, são necessárias três casas) ou um suporte social consistente (p. ex., é muito frequente os pais ficarem na casa dos seus próprios pais durante o período de tempo em que não estão com os filhos). Por outro lado, aquilo que estes pais nos dizem é que, com a passagem do tempo, se torna particularmente difícil chegar a casa (dos filhos) e encontrar vestígios da presença do outro progenitor. Seja a casa suja ou desarrumada, os bens que foram consumidos e não foram repostos ou quaisquer outros aspetos (muitas vezes, detalhes), parece unânime a sensação de que é como se o outro progenitor estivesse omnipresente, com todo o desconforto que isso implica..Os pais que optam por esta alternativa experienciam dificuldades acrescidas quando iniciam outra relação afetiva e começam a sentir o desejo de ter um espaço próprio para viverem com essa nova pessoa, o que parece de alguma forma incompatível com o regresso ao "ninho" a cada X dias..Assim, verificamos que esta alternativa apenas se mostra viável para a maior parte das famílias durante um curto período de tempo, quase como uma fase de transição para outra etapa das suas vidas..Nas poucas famílias que conseguem manter esta situação durante mais tempo, as crianças agradecem, mantendo-se no seu "ninho" e sentindo a presença regular de cada um dos pais..Importa salientar, no entanto, que mais importante que o espaço físico onde as crianças vivem, ou o modo como os pais se organizam na definição do regime de convívios, é a qualidade da relação entre pais e filhos e a proteção face aos conflitos parentais. Não são as paredes que constroem um "ninho", mas sim os afetos que lá são vivenciados..Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal