Semana da Ria Formosa começa terça-feira e ambientalistas advertem para ameaças

A Semana da Ria Formosa começa na terça-feira com o objetivo de sensibilizar para os valores ecológicos presentes e a preservação da área protegida algarvia, mas os ambientalistas advertem para a existência de ameaças e falta de fiscalização.
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A segunda edição da Semana da Ria Formosa vai prolongar-se até sábado e o seu início, na terça-feira, coincide com o 39.º aniversário do Parque Natural da Ria Formosa, zona húmida que se estende desde Cacela Velha, no concelho de Vila Real de Santo António, até ao Vale Garrão, no concelho de Loulé, e terá o cavalo-marinho como "símbolo do evento", destacou o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

A mesma fonte justificou a escolha do cavalo-marinho como símbolo desta semana com a necessidade de "alertar para a atual situação de declínio da sua população na Ria Formosa".

"Ao ser uma espécie indicadora da qualidade ambiental, funciona como um alerta para as ameaças ao sistema lagunar, onde muitas outras espécies enfrentam perigos diversos, seja por sobre exploração, seja por perda de habitat", observou o ICNF, que tutela o Parque Natural da Ria Formosa, acrescentando que esta temática "alerta para o efeito da poluição nos habitats, nas espécies e, consequentemente, na saúde humana".

O cavalo-marinho é uma espécie "muito frágil" e que depende da qualidade da água da Ria Formosa, que é "uma das preocupações" da associação ambientalista Quercus, disse à Lusa um dos seus dirigentes no Algarve, Fernando Dias, frisando que também "a poluição da água devido às descargas de efluentes urbanos e industriais leva à interdição da apanha de bivalves".

"A presença do homem há longos anos tem vindo a condicionar o desenvolvimento das comunidades vegetais. Muitas áreas estão fragilizadas devido à pressão turística e urbana, à construção em zonas dunares ou à utilização destas zonas para estacionamento, que agora tem vindo a acontecer muito", disse o dirigente da Quercus no Algarve.

Fernando Dias criticou também "o atraso" na atualização de Estações de Tratamento de Águas Residuais, "a ameaça da construção da nova ponte para a praia de Faro" ou a "sempre existente possibilidade de o aeroporto de Faro se expandir", porque está dentro do Parque Natural.

A "conversão de salinas em tanques de aquacultura", a "proliferação de espécies exóticas, como o chorão-das-praias", a "apanha ilegal e descontrolada de bivalves" ou "as plantações de estufas e a agricultura intensiva, em Tavira, dentro do Parque Natural", também foram apontadas por Fernando Dias como fontes de preocupação para a Quercus.

A estes problemas soma-se, ainda, a "eventual exploração de gás e petróleo perto da costa", referiu Fernando Dias, que considera haver "falta de muitos apoios ao Parque e falta de meios para fiscalizar".

O programa da Semana da Ria anunciado pelo ICNF inclui "atividades dirigidas à comunidade escolar", como "saídas de campo e diversas experiências de conhecimento dos valores naturais", mas também "atividades desportivas, como a canoagem ou as caminhadas".

Para o "público não escolar" está previsto, na terça-feira, dia do 39º aniversário da área protegida, a abertura da exposição "O ciclo de vida do camaleão", outra espécie ameaçada, com obras da pintora Manuela Leal, acrescentou o ICNF.

A encerrar a semana, o Instituto organiza no sábado um Dia Aberto no Centro de Educação Ambiental de Marim, em Olhão, com "passeios de barco, passeios de interpretação da natureza e de observação de aves, tiro ao alvo, jogos, visitas à estação experimental de piscicultura", entre outras atividades.

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