Valeu um livre de Grimaldo para salvar a noite na Luz
Valeu um golo de Grimaldo, de livre direto, numa boa parte final, para salvar a face encarnada na despedida da Liga dos Campeões, após mais um jogo maioritariamente pobre do Benfica na Luz, contra um AEK de Atenas que se confirmou como a pior equipa desta fase de grupos da prova.
O golo do lateral espanhol valeu mais mais 2,7 milhões de euros para os cofres encarnados - aumentando para perto dos 50 milhões de euros a receita obtida nesta Liga dos Campeões (só prémios por rendimento desportivo -, mas valeu também, sobretudo, o estatuto de cabeça-de-série nos 16 avos da Liga Europa, para onde segue agora a equipa de Rui Vitória, após ter terminado em terceiro lugar neste grupo E. .
A vitória do Benfica é indiscutível e premeia esses bons 20 minutos finais, nos quais a equipa finalmente despertou para o jogo e acelerou processos. Mas não esconde essa exibição pobre que antecedeu o assalto final à baliza do AEK, sobretudo numa primeira parte que levou até os adeptos a despedirem-se da equipa com assobios ao intervalo.
Sem Fejsa nem Jonas para esta última partida na Champions - guardados para a próxima deslocação à Madeira (Marítimo) para o campeonato -, Rui Vitória promoveu a estreia dos jovens Alfa Semedo e João Félix a titulares na montra da elite europeia e deu a frente de ataque a Seferovic. O Benfica entrou a mandar na partida, com muita bola mas pouca criatividade frente a um AEK que se mostrava preocupado apenas em defender a sua área, à procura do seu primeiro ponto na prova.
A equipa encarnada mostrava um jogo pobre, com as dificuldades que têm sido recorrentes ao longo dos tempos. Futebol muito lateralizado, com jogadas-tipo a tentar envolver triangulações nos corredores entre o lateral, o extremo e um médio interior, mas todo um deserto de ideias e de movimentações no resto da paisagem à volta.
Sem conseguir ligar várias zonas do campo, sem movimentações interiores, sem capacidade de romper linhas de pressão adversária pela zona frontal, o futebol do Benfica ia-se resumindo a uma sucessão de investidas facilmente controláveis nas laterais, sem consequência. Na maior parte das vezes, os ataques encarnados acabavam mesmo em cruzamentos desesperados em busca de alguém na área. Sem que, na esmagadora maioria das vezes, estivesse alguém bem posicionado na área para os receber.
Pizzi começou por ser o epicentro de toda a criação de jogo do Benfica, tanto em bola corrida como em bola parada, mas a incipiente movimentação ofensiva da equipa tornou ineficazes todas as ações do médio. De resto, impressionou também a incapacidade das águias em rentabilizar a enxurrada de cantos e livres diretos próximos da área de que beneficiaram ao longo da partida. Até ao golo de Grimaldo.
Com Pizzi a apagar-se com o passar dos minutos, as dificuldades de construção do Benfica aumentaram com o decorrer do primeiro tempo. Alfa Semedo e Gedson Fernandes não acrescentavam nada nesse processo - o médio-defensivo, de resto, esteve muito mal com a bola nos pés, com algumas perdas comprometedoras que só não deram pior resultado porque não foi mesmo por acaso que o AEK chegou a este último jogo só com derrotas; é mesmo a pior equipa do grupo (de todos os grupos).
Para piorar, Rafa saiu lesionado à meia hora e o Benfica foi para intervalo com um remate de Seferovic como único digno de registo, já aos 44 minutos, após um mau passe de um jogador grego.
Pouco depois do recomeço, Rui Vitória abdicou do infeliz Pizzi e lançou Cervi. O Benfica ganhou alguma velocidade de processos e a bola passou a chegar mais vezes a Seferovic, que começou então a destacar-se no ataque com algumas oportunidades, entre cabeceamentos na área e os seus típicos fortes remates na zona frontal. Por duas vezes o suíço ficou perto do golo (numa delas acertou na barra, num cabeceamento a centro de Zivkovic), mas só com a entrada de Castillo a defesa do AEK acabou por cair definitivamente.
Para isso contribuiu a ação desastrada de Galanopoulos, que viu dois amarelos em cinco minutos e foi expulso. A falta que valeu o segundo amarelo ao médio grego, a derrubar Gedson junto à área depois de ter perdido a bola para o médio do Benfica, foi o momento decisivo. Aos 88 minutos, permitiu a Grimaldo nova oportunidade de livre direto. E dessa vez o espanhol aproveitou de forma irrepreensível.
O Benfica conseguiu o triunfo no sprint final e pôs fim ao longo jejum de mais de dois anos sem vitórias caseiras na fase de grupos da Champions. A partir de fevereiro, segue-se a Liga Europa para os encarnados.
Seferovic. Grimaldo foi quem encontrou o caminho certo para a baliza, mas o suíço foi quem mais fez por o merecer. Depois de uma primeira parte apagada, sem que a equipa encontrasse forma de lhe fazer chegar a bola, Seferovic beneficiou da maior velocidade de jogo a partir do meio da segunda parte e reivindicou a sua presença no centro do ataque. O suíço acertou duas vezes na barra, disparou várias 'bombas' desde fora, mas a bola só quis entrar com Grimaldo. Ficou o esforço de Seferovic.
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica - AEK, 1-0.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores:
1-0, Grimaldo, 88 minutos
Equipas:
- Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo, Alfa Semedo, Gedson Fernandes, Pizzi (Cervi, 59), João Félix (Castillo, 77), Rafa Silva (Zivkovic, 35) e Seferovic.
(Suplentes: Svilar, Conti, Gabriel, Cervi, Zivkovic, Krovinovic e Castillo).
Treinador: Rui Vitória.
- AEK: Barkas, Bakakis, Oikonomou, Chygrynskiy, Hult, Cosic, Galanopoulos, Morán (Rodrigo Galo, 77), Klonaridis (Gianniotas, 61), Boye (Mantalos, 68) e Ponce.
(Suplentes: Tsintotas, Giakoumakis, Gianniotas, Rodrigo Galo, Mantalos, Svarnas e Mpotos).
Treinador: Marinos Ouzounidis.
Árbitro: Bobby Madden (Escócia).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Rúben Dias (37), Hult (73), Galanopoulos (82 e 88). Cartão vermelho para Galanopoulos (88).
Assistência: 33.633 espetadores.