SEF identifica 500 pessoas em festa brasileira no Zoo
OO Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) identificou 500 pessoas, a maioria estrangeira e em situação ilegal, numa festa brasileira, na noite de domingo, no restaurante Bufalo Grill, dentro do Jardim Zoológico de Lisboa. Destas, 222 receberam ordem para abandonar o País voluntariamente, 27 foram notificadas a apresentarem-se no SEF nos próximos dias, por falta de documentação, e 12 detidas. A estas últimas, ouvidas ontem em tribunal, foi-lhes aplicado termo de identidade e residência para se dar início a um processo de expulsão do País.
No entanto, à entidade empregadora o SEF levantou ainda um processo de contra-ordenação por terem sido detectados quatro funcionários em situação ilegal. Mas foram também instaurados processos de contra-ordenação por falta de alvará, de licença de utilização e de falhas no sistema de segurança, disse fonte policial. A operação envolveu agentes da PSP e elementos da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) e da Sociedade Portuguesa de Autores. No local, a IGAC apreendeu 262 CD's de contrafacção. Segundo apurámos, o restaurante do Zoo vinha a realizar tais festas brasileiras há mais de três meses, durante as noites de fim-de-semana, anunciando-as como "festas privadas", as quais reuniam "cada vez mais participantes". Contactada pelo DN, a administração do Jardim Zoológico referiu que o restaurante não tinha autorização para realizar tais festas, confirmando que aquelas "ocorriam há algumas semanas".
De acordo com a administração do Zoo, os participantes tinham acesso ao espaço pela porta que permite a entrada para o parque Animax e para o Bingo. Um elemento da gerência do restaurante Bufalo Grill, que ontem à noite se encontrava de portas encerradas, disse ao DN não haver "ninguém disponível para prestar declarações sobre a operação das autoridades".
O director regional do SEF para a área de Lisboa, Carlos Patrício, confirmou que esta operação conjunta surgiu na sequência de denúncias e de informações que foram sendo recolhidas sobre aqueles eventos nas últimas semanas. Um dos objectivos da acção de domingo foi "o de lançar uma campanha de prevenção geral contra o fenómeno da imigração ilegal, tentando dissuadir outras situações que concentrem grandes quantidades de imigrantes ilegais", afirmou ao DN. A mesma fonte sublinhou que as acções do SEF têm como alvo prioritário situações de trabalho ilegal, mas esta serviu igualmente como barómetro para números da imigração ilegal.
Operação-relâmpago
Pouco passava das 21.00 quando começou a operação policial no terreno. Na entrada principal do Zoo estavam duas carrinhas não identificadas com agentes à paisana, enquanto outros entraram por portas secundárias.
De seguida, todos as saídas foram vigiadas, impedindo várias tentativas de fuga. De acordo com um empregado de um restaurante das imediações, houve quem tentasse esconder-se no bingo e debaixo da mesa de som, mas todos foram capturados. A rusga terminou já próximo das duas da manhã.
"Foi uma operação relâmpago", garantiu ao DN uma testemunha ocular, já que em 10 minutos todo o jardim foi evacuado. "Ouviram-se gritos e eu próprio fiquei nervoso quando vi tanta polícia a entrar por aqui adentro", contou.
António Baptista, gerente do vizinho "Pizza na Brasa", também admitiu ter estranhado sempre estas festas: "A situação parecia-me ilegal, dentro de um espaço privado temos que nos sujeitar a regras." O empresário, que garantiu que as festas "causavam muito barulho ao ponto de ter que fechar as portas" do seu restaurante, queixa-se igualmente de o ruído não permitir o sossego dos animais do Zoo. * Com António Larguesa