António Guterres pede inquérito à violência nos Camarões

Pelo menos 17 pessoas foram mortas, nas duas regiões anglófonas do país africano, à margem de uma proclamação simbólica de independência por separatistas, em relação à maioria francófona
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu na segunda-feira às autoridades dos Camarões para investigarem "atos de violência" registados no sudoeste e noroeste do país no domingo que resultaram na "perda de vidas".

Ele "condena firmemente" aqueles atos e "continua profundamente preocupado com a situação nos Camarões", precisou o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, num comunicado.

Pelo menos 17 pessoas foram mortas no domingo nas duas regiões anglófonas dos Camarões à margem de uma proclamação simbólica de independência por separatistas em relação à maioria francófona, segundo um balanço realizado na segunda-feira pela Amnistia Internacional e fontes oficiais consultadas pela agência France Presse.

António Guterres "exorta os dirigentes políticos dos dois lados a apelarem aos seus apoiantes para se absterem de qualquer novo ato de violência e a condenarem sem equívocos qualquer ação que possa prejudicar a paz, a estabilidade e a unidade do país", adiantou o porta-voz do secretário-geral da ONU.

Desde novembro de 2016, a minoria anglófona, cerca de 20% dos 22 milhões de camaroneses e duas regiões em 10 no país, protesta contra o que designa de marginalização, ao nível do ensino e da magistratura, entre outros.

Alguns anglófonos exigem o regresso ao federalismo - que existiu entre 1961 e 1972, com dois Estados integrando a mesma república -, enquanto uma minoria reclama a partição dos Camarões, dois cenários rejeitados por Yaounde.

Após a formação de um governo, o anúncio da criação de um grupo armado e o lançamento de uma televisão, os independentistas anglófonos propuseram nas redes sociais um hino nacional da Ambazónia, o nome do Estado que proclamaram simbolicamente a 1 de outubro nas duas regiões anglófonas.

Yaounde tomou medidas fortes, instaurando o recolher obrigatório nas duas regiões de língua inglesa e proibindo as reuniões de mais de quatro pessoas e a deslocação entre localidades.

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