Secretária de Estado sob pressão por revelar algoritmo dos incêndios

Grupos parlamentares do PSD e da Iniciativa Liberal pedem ao Governo que esclareça tudo sobre a alegada existência de um algoritmo de previsão da evolução dos incêndios.
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Primeiro tinha sido a Iniciativa Liberal. E esta terça-feira foi o PSD. Patrícia Gaspar, secretária de Estado da Administração Interna, falou na existência um algoritmo de previsão dos fogos de verão - para argumentar que afinal o país até arde menos do que era suposto - e agora está sob pressão da oposição para dar explicações.

"Os dados, os algoritmos e as contas feitas dizem que a área ardida que deveríamos ter deveria ser 30 por cento. Ou seja, ardeu 70 por cento daquilo que era suposto arder", disse há dias a secretária de Estado, na SIC Notícias.

Citaçãocitacao"Declarações desta natureza denotam uma total insensibilidade, são absolutamente desnecessárias e desrespeitosas para com as vítimas dos incêndios que têm assolado o nosso país, designadamente para com quem tem sofrido e perdido os seus bens."

Ontem o grupo parlamentar do PSD pediu ao ministro da Administração Interna o estudo em que se baseia o Governo para considerar que a área ardida este ano deveria "ser 30% superior".

"Declarações desta natureza denotam uma total insensibilidade, são absolutamente desnecessárias e desrespeitosas para com as vítimas dos incêndios que têm assolado o nosso país, designadamente para com quem tem sofrido e perdido os seus bens", criticou o PSD, no requerimento divulgado.

Os deputados sociais-democratas consideram que "estas afirmações carecem de um esclarecimento urgente, designadamente quanto à sua natureza e respetiva fundamentação científica, e qual a relação que tais algoritmos têm tido na decisão operacional e técnica e nos meios empenhados no combate aos fogos rurais que Portugal está a sofrer".

Apontando ser "da maior utilidade que sejam divulgados os estudos científicos que o Ministério da Administração Interna alegadamente possui nos quais se fundamentam as referidas afirmações da secretária de Estado", o PSD requer que seja remetido ao parlamento "o estudo que sustenta que a área ardida deveria ser 30% superior aos atuais 93.000 hectares", bem como "informação sobre a autoria do estudo, designadamente se foi elaborado por entidades externas ao MAI e quando".

Há três dias, a Iniciativa Liberal (IL) tinha feito o mesmo, questionando a própria a secretária de Estado da Administração Interna. Os deputados salientaram que a área ardida em Portugal em 2022 está próxima dos 100 mil hectares, sendo, por isso, "o país da Europa com maior percentagem de território ardido (cerca de 1%), de acordo com o sistema de monitorização europeu Copernicus". "Recorde-se, por exemplo, que só no Parque Natural da Serra da Estrela arderam mais de 25 mil hectares", disse a IL, no requerimento.

Citaçãocitacao"Em função deste quadro de melhoria significativa a partir de quarta-feira das condições meteorológicas, entendemos que era possível aliviar as restrições associadas ao perigo de incêndios rurais e decidimos, por isso, não prolongar a situação de alerta."

Segundo o partido, o algoritmo referido pela secretária de Estado representa "valiosa informação científica" e importa esclarecer de que forma os dados estão a ser utilizados "e que projeções é possível fazer com base neles em termos de planeamento e de combate aos incêndios". Nas oito perguntas, os deputados querem saber se os algoritmos foram ou não desenvolvidos por equipas do Ministério da Administração Interna, se a informação obtida está a ser usada para determinar estados de exceção ou se os algoritmos permitem efetuar previsões de área ardida para a totalidade da época de incêndios. E também se a informação obtida através de algoritmos é partilhada com outras entidades, que previsões de área ardida estão a ser utilizadas para os períodos temporais e territórios disponíveis, se o MAI tem intenção de partilhar os algoritmos com outros países e, por último, se há condições para os desenvolver de modo a haver informação mais rigorosa no futuro.

Ontem deixou de vigorar no território continental a situação de alerta, por decisão do Governo. "Em função deste quadro de melhoria significativa a partir de quarta-feira das condições meteorológicas, entendemos que era possível aliviar as restrições associadas ao perigo de incêndios rurais e decidimos, por isso, não prolongar a situação de alerta", disse o ministro José Luís Carneiro (Administração Interna).

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