SEAL Team lidera onda de séries militares na televisão
Hollywood está a ser apanhada numa onda de séries dedicadas ao Exército norte-americano, que vão chegar à televisão depois do verão. Desta vaga de produções militares, SEAL Team é a série mais antecipada para a reentré. O título original da cadeia CBS vai chegar a Portugal através da NOS, no canal TV Séries, e tem um grande trunfo para atrair os espectadores: o protagonista é David Boreanaz, que se tornou conhecido por interpretar o papel de Seeley Booth em Ossos durante onze temporadas.
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SEAL Team não apresenta apenas o cenário da Marinha dos Estados Unidos. É uma história que segue os operacionais Tier One, a elite dentro da elite, o tipo de militares que mataram Osama Bin Laden e salvaram o capitão Richard Philips numa crise com piratas somalis em 2009. O interessante é que foi escrita com base na experiência de verdadeiros ex-militares Tier One, que trabalham com os escritores e os atores da série. E isso, segundo os produtores executivos, é algo que a diferencia das restantes.
"Não conheço as outras séries, mas não sei de nenhuma outra sobre operacionais Tier One", disse o produtor Benjamin Cavell durante a press tour de verão da Television Critics Association, nos estúdios da CBS em Los Angeles. Os produtores e os atores tentaram afastar a noção de que esta temática está relacionada com a administração de Donald Trump ou quer apelar ao segmento da população norte-americana que votou nele.
"Quando começámos a desenvolver esta série, ainda não se sabia onde estaríamos politicamente no futuro", afirmou a produtora executiva Sarah Timberman. "Eu, pessoalmente, pensei que teríamos outro presidente neste momento. A série não é sobre o atual momento na política. É sobre algo que transcende tudo isso."
A verdade é que algumas das séries sobre o Exército que saíram nos últimos meses foram produzidas antes das eleições, tais como Six, do Canal de História, e Shooter, da USA Network. As outras foram postas na lista de prioridades após a tomada de posse de Trump. Das quatro séries que tinham episódios-piloto na primavera, só Behind Enemy Lines, da Fox, não foi encomendada - mas pode vir a ser, caso as outras tiveram sucesso. O canal CW avançou com a Valor, série centrada numa das primeiras pilotos de elite a ser colocada em posições de combate, e a NBC deu luz verde a The Brave, que também se centra em militares de elite em missões undercover.
A tendência é inegável e segue a linha patriótica que a Casa Branca tem sublinhado no que respeita ao Exército. Donald Trump pretende reforçar drasticamente o orçamento militar, destacou um general como chefe de gabinete e tem referido a intenção de "devolver" o moral às tropas que envergam a insígnia dos Estados Unidos da América.
Mas é verdade que SEAL Team não reflete dinâmicas da Casa Branca. David Boreanaz interpreta Jason Hayes, o líder da equipa Tier One que leva os seus homens e mulheres aos cenários mais perigosos da geopolítica mundial. A dedicação ao dever arruinou a sua vida pessoal (o casamento acabou em divórcio) e há traumas escondidos que se revelam em tiques nervosos e desdém de sessões de terapia.
O que os produtores não queriam seguir era a receita fácil de uma missão diferente todas as semanas e uma série com mensagens políticas.
"O ADN, a origem da série vem das vidas das pessoas que fizeram isto, e o nosso foco é contar a história à nossa maneira", referiu o showrunner Ed Redlich. Em vez dessa "missão semanal", desenvolveram uma série em que as histórias das personagens são centrais.
David Boreanaz tem uma visão curiosa sobre isto: "Penso que é uma série sobre o local de trabalho. Estas personagens representam pessoas que fazem isto na vida. Enquanto nós vamos para a cama quentinha à noite, eles estão aí a lutar pela nossa liberdade e por nós", analisou. Nem sempre concordam com as ordens que recebem, mas cumprem-nas. Foi o que mais surpreendeu Sarah Timberman quando falou com os ex--membros das equipas de elite. "As pessoas que são enviadas para as zonas de conflito são as mais cautelosas sobre a guerra", disse. "Estamos interessados nas pessoas que arriscam as suas vidas e cumprem o seu dever quando nem concordam com o objetivo. Do ponto de vista narrativo, isto é muito rico."
Algumas das histórias que mais marcaram a produtora executiva foram as de contenção. "Estas pessoas são treinadas para usar enorme potência de fogo, e o incrível é quando escolhem não o fazer."