Seabra ausente das audiências por tempo indeterminado

Renato Seabra continua ausente do seu julgamento pelo homicídio de Carlos Castro em Nova Iorque e é incerto quando poderá voltar a comparecer, disse o seu advogado, David Touger.
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Touger falava após nova audiência no tribunal de Nova Iorque, em que, pelo terceiro dia consecutivo, Seabra se apresentou no início perante o juiz apenas para o seu advogado pedir a sua escusa dos procedimentos, alegando a sua incapacidade para se controlar perante os jurados.

Seabra esteve presente em todas as audiências de julgamento, mas devido a um momento de descontrolo na semana passada foi avisado pelo juiz Daniel Fitzgerald de que poderia ser expulso da sala se tal acontecesse em frente aos jurados.

Tem passado o seu tempo na cela do edifício do tribunal, escusando-se o seu advogado a dizer em que estado.

Questionado pela Lusa se Seabra poderá comparecer dentro de duas semanas para aquela que se espera que seja a última semana do julgamento pelo homicídio de 7 de janeiro de 2011, David Touger afirmou que tal é incerto, escusando-se a responder sobre se houve alguma mudança da medicação.

Antes do aviso do juiz, Seabra apresentava-se sonolento, mas por vezes com atitudes de rompante, incluindo virar-se para a mãe na plateia enquanto testemunhas prestavam declarações.

Escudando-se em relatórios de médicos que avaliaram o jovem em 3 unidades psiquiátricas, a defesa afirma que na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado.

Hoje, a testemunha volta a ser Roger Harris, psiquiatra chamado pela defesa, que sustenta que a doença psiquiátrica de Seabra o deixou incapaz de perceber o erro das suas ações a 7 de janeiro de 2011, quando matou e mutilou o colunista social Carlos Castro, com quem passava férias em Nova Iorque e mantinha uma relação íntima.

Depois de ter sido duramente crítico da anterior testemunha, o neuropsicólogo William Barr, chamado pela acusação, que defendeu em tribunal que Seabra teve consciência dos seus atos e fingiu sintomas de loucura, Harris está a ser contra-interrogado pela procuradora Maxine Rosenthal, que procurou minar a credibilidade da sua conclusão.

Rosenthal questionou o porquê de ter chegado às suas conclusões sem ter procurado falar com as testemunhas que conviveram com vítima e réu em Nova Iorque e determinar se havia um historial de doença mental na família de Seabra, em particular entrevistando a mãe ou o pai.

A hereditariedade "não é um grande fator de risco por ser inferior a 50 por cento [a percentagem de casos de doença em que há historial familiar], mas é um fator de risco", justificou Harris.

A procuradora apontou ainda para incoerências no relato feito por Seabra durante a entrevista a Harris, em relação ao que afirmou em entrevistas a outros especialistas.

Estas dizem respeito às suas experiências homossexuais antes de conhecer Castro e também à natureza da relação com o colunista social.

A procuradora salientou também incoerências no conteúdo do relatório de Harris em relação às notas tiradas durante a entrevista, levando o psiquiatra a admitir erros na elaboração do mesmo.

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