Se um unicórnio espanta muita gente, um decacórnio espanta dez vezes mais

Entre 144 empresas-unicórnio, apenas 30% têm valorizações de mil milhões de dólares: as outras estão acima e 13 já são "decacórnios"
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Os unicórnios são feitos por pessoas que sabem que os unicórnios não existem." A afirmação é de Brian MacMahon, diretor da academia de empreendedores Expert DOJO, em Los Angeles, que está farto da conversa dos cavalos brancos com chifres em espiral e caudas de leão. "Um unicórnio real surgiria de forma natural. Alguns "cientistas" criarem em laboratório algo que se parece com um unicórnio é aborrecido porque não é real."

As empresas-unicórnio são assim designadas pela raridade: startups privadas que atingem avaliações de mil milhões de dólares. Há uma lista crescente de casos destes, e já foi preciso arranjar outro nome para as de topo, acima dos dez mil milhões, as "decacórnios". Já são 13. A Uber vai nos 51 mil milhões, a chinesa Xiaomi está nos 46 mil milhões. A lista de unicórnios da consultora CB Insights tem 144 nomes, um deles com fundador português - a Farfetch. Já se fala nos próximos casos nacionais, apontando para startups como a Seedrs, a Feedzai e a Talkdesk.

Apostas como estas "decorrem mais da nossa bipolaridade coletiva do que de qualquer análise com um mínimo de exigência, por maior que seja o sucesso das empresas", diz o diretor-geral da Cotec, Daniel Bessa.

A bolha existe e pode não explodir, mas vai "desinchar." Mas essa não é uma preocupação para quem trabalha em startups. "Quem se preocupa com isso são investidores. À escala de Portugal e da Techstars, que é uma série de fundos early stage, não é um tema na ordem do dia", garante Karina Costa, diretora do programa Startup Next, da Techstars.

E se a bolha explodir, ou quando, surgirão novas oportunidades. É o que diz Caroline Philips, diretora da área de apoio ao empreendedorismo na Microsoft. "As startups pequenas não vão sofrer no longo prazo, visto que continuará a haver um apetite dos investidores e das agências governamentais pelas tecnologias e pelos negócios do futuro." Não é o que pensa Carlos Kemeny, diretor da rede de empreendedorismo da Universidade do Texas e alumnus do programa CMU Portugal. "Quanto mais avançarmos em território desconhecido, mais incerto se tornará o investimento nas fases iniciais", sublinha.

Muitos unicórnios não conseguirão manter as avaliações quando se cotarem, mas a bolha não é como a da era dot.com, cheia de negócios inviáveis, diz ao DN o analista da CB Insights. "Não veremos a mesma extinção em massa, mas uma contração das avaliações e algumas saídas em bolsa por valores em baixa".

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