Schäuble vai deixar de ser ministro das Finanças
Schäuble, que ocupa a pasta das Finanças há oito anos, passará a ser presidente do Bundestag. Como avançaram os media alemães, a chanceler Angela Merkel e o líder parlamentar da CDU/CSU no parlamento alemão, Volker Kauder, pediram ao político conservador que assumisse a presidência da instituição. O lugar estava vago desde a saída do deputado da CDU Norbert Lammert. "Estamos satisfeitos por Wolfgang Schäuble ter concordado em ser candidato a este lugar", disse Kauder, em comunicado.
Numa altura em que Merkel vai tentar negociar um governo de coligação entre a CDU/CSU, FDP e Verdes, este pode ser o primeiro de sinal que a chanceler conservadora envia aos liberais. Isto porque o FDP, que já esteve coligado com a CDU/CSU no segundo o governo de Merkel, entre 2009 e 2013, deu a entender que preferia ficar, desta vez, com o Ministério das Finanças e não com o dos Negócios Estrangeiros.
"Percebemos que em 2009 foi um erro aceitar os Negócios Estrangeiros, porque a política externa é gerida pela chanceler e concertada a nível europeu e por isso não é uma pasta importante", disse em entrevista ao DN na semana passada o candidato por Berlim do FDP Christoph Meyer. Hoje, na sua conta do Twitter, o líder do FDP, Christian Lindner, fez saber que o partido apoia a escolha de Merkel. "Wolfgang Schäuble possui uma autoridade natural que é de particular importância nesta altura". Lindner é um dos nomes possíveis para suceder a Schäuble na pasta das Finanças.
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Rosto da ortodoxia financeira na zona euro, bem conhecido dos europeus, sobretudo de portugueses, gregos e cidadãos de outros países que precisaram de alguma forma de assistência financeira externa durante a crise, Schäuble é deputado há 45 anos no Bundestag, instituição que agora irá liderar e que, em resultado das legislativas de domingo, terá a maior composição de sempre, com 709 eleitos.
A tarefa não será menos árdua para o homem que durante muito tempo foi visto como o sucessor de Helmut Kohl, mas que acabou por ter que ceder o lugar a Merkel, fruto do escândalo de financiamento do partido: pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial uma força ultranacionalista e extremista de direita tem assento parlamentar. No domingo, a Alternativa para a Alemanha, AfD, elegeu 94 deputados.
Tendo ficado de fora do Bundestag em 2013, por não ter conseguido ultrapassar a barreira dos 5%, desta vez a AfD, que fez campanha sobretudo contra os refugiados e imigrantes, obteve 13%. Foi a terceira força política, depois da CDU/CSU e do SPD, que ficaram, respetivamente, em primeiro e segundo lugar. No quarto lugar ficou o FDP, em quinto o Die Linke e em sexto os Verdes.
Ao constatar o mau resultado dos sociais-democratas no domingo, Martin Schulz, candidato a chanceler do SPD, afastou desde logo a hipótese de uma nova Grande Coligação, entre a CDU/CSU e SPD (como a que esteve no poder durante o primeiro e o terceiro mandato de Merkel). Isso deixou Angela Merkel, que ganhou um quarto mandato como chanceler após 12 anos no poder na Alemanha, basicamente com uma única hipótese de conseguir um governo maioritário, que seria a chamada coligação Jamaica. Esta juntaria CDU/CSU, FDP e Verdes e nunca foi testada até hoje no país.
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