Saransk renovada para o Mundial

A eleição de Saransk para um dos palcos deste Mundial implicou investimentos pesados e que suscitaram polémica
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Saransk terá sido escolha tardia, e para muitos inesperada, para palco de quatro encontros deste Mundial da Rússia. A cidade está longe das rotas turísticas mais conhecidas do país e, tendo embora uma sólida reputação na prática desportiva, dos eventos competitivos mais mediáticos.

Capital da República da Mordóvia, em plena bacia hidrográfica do Volga, situada a cerca de 630 km a leste de Moscovo, cerca de 300 mil habitantes, Saransk cresceu a partir de um forte construído em meados do século XVI, parte de uma linha de estruturas destinadas a defender as fronteiras da Rússia das incursões dos tártaros da Crimeia.

A população autóctone, do grupo fino-ugriano e de uma família linguística próxima do finlandês e do húngaro, adoptou rapidamente a língua e cultura russas depois da conquista da região aos tártaros, mas manteve sempre tradições locais como as velhas práticas xamânicas. Saransk guarda ainda a memória das grandes rebeliões camponesas e cossacas de Stiepan Razin e Emilian Pugatchev que abalaram a Rússia nos séculos XVII e XVIII.

Saransk viveu no virar do século uma séria crise demográfica. As unidades industriais ali instaladas no período soviético não sobreviveram às novas condições económicas do país e levaram a um êxodo para cidades maiores e a uma perda de população de que a cidade tem vindo a recuperar nos últimos anos.

A eleição de Saransk para um dos palcos deste Mundial implicou investimentos pesados, e que suscitaram polémica. Para além do Estádio Mordovia Arena, a cidade viu nascer três hotéis de luxo e outras infraestruturas turísticas e foi alvo de uma importante renovação.
Construído de raiz para este Mundial, o Mordovia Arena, onde Portugal decide hoje frente ao Irão a passagem aos oitavos de final da competição, com capacidade para 44 mil espectadores, destaca-se pelo colorido dominado pelo laranja, vermelho e branco, três cores predominantes nas tradições folclóricas locais mordovianas. Saransk dispõe de vastas áreas verdes e de diversas instalações desportivas e instituições culturais de renome. Um dos ex libris da cidade é o Monumento à Família, um grupo escultórico representando uma família numerosa inaugurado em 2008, declarado ano da Família na Rússia - e que, diz uma tradição de raízes já assentes, traz sorte aos que acabam de se casar.

A última vez que a cidade andou nas bocas do Mundo nos últimos anos terá sido em 2013 quando Gérard Dépardieu escolheu Saransk para local de residências depois de ter conseguido a cidadania russa para escapar - dizem as más línguas - ao braço do fisco gaulês.

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