Saramago abandona El Comandante

De repente o salão da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) enche-se
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José Saramago, Prémio Nobel da Literatura ainda de fresco, visita a centenária instituição, onde anos antes havia lançado o romance Jangada de Pedra. Por essa altura, o Porto acolhe a Cimeira Ibero-Americana e corre o boato de que Fidel iria encontrar-se com o escritor português aí, na Associação dos Jornalistas, na Baixa do Porto.

A direção da casa desmente, mas, é certo, muita gente aparece para assistir ao encontro entre o escritor e o antigo guerrilheiro da Sierra Maestra. Fidel - o enorme edifício-sede da AJHLP, na altura degradado, não garantia condições de segurança - não aparece.

O encontro aconteceria, à noite, no Pavilhão dos Desportos, em Matosinhos, durante uma festa de solidariedade para com o povo cubano. Saramago e Fidel trocam cúmplices cumprimentos de velhos camaradas. "Cuba dá-nos todos os dias uma lição de coragem", disse o autor de Levantados do Chão. As relações, contudo, entre Saramago e Cuba acabariam por arrefecer. Em 2003, depois de várias vezes se ter posto ao lado da revolução cubana e do seu líder, a rutura. Saramago critica publicamente o regime de Castro, desagradado coma a execução de três dos autores do desvio de um ferry. "Aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá o seu caminho, eu fico", escreve Saramago, num artigo de opinião no jornal espanhol El País.

Diário de Notícias
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