Santana Lopes quer retirar contentores de Alcântra

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A decisão de o Governo manter e preparar mesmo a expansão do terminal de contentores de Alcântara é "um enorme prejuízo" para a cidade, afirma Pedro Santana Lopes. "Se os lisboetas fizerem o circuito pelo Tejo, olhando a cidade a partir do rio, vê-se que não faz sentido. Fala-se muito em construção em altura e depois temos ali aquelas torres de contentores."

O presidente da Câmara de Lisboa apelou ao Governo para "reponderar" a decisão. Santana Lopes sustenta que aquele porto "é uma zona para paquetes e cruzeiros turísticos" e defende que a retirada dos contentores daquele local "permitiria ter uma melhor vista das colinas".

A deslocalização do terminal de contentores e a transformação daquela zona num terminal de cruzeiros chegou a estar prevista, sendo uma das recomendações de um grupo de trabalho misto que integrou o Ministério das Obras Públicas e Transportes durante o Governo de Santana Lopes.

Só que o Governo caiu e alteraram-se as vontades. O Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias (PIIP), anunciado por José Sócrates, contempla já uma verba para a expansão do terminal concessionado à Liscont. No total, a melhoria das acessibilidades e modernização do sistema marítimo-portuário vai receber 395 milhões de euros. A construção de uma nova gare marítima para passageiros no Jardim do Tabaco está igualmente prevista.

O plano estratégico de reestruturação está a ser preparado pela Administração do Porto de Lisboa, tal como o DN revelou na edição de 11 de Julho, e deverá ser apresentado dentro de um ano. A ideia é devolver ao porto a actividade da marinha mercante, em que as actividades de restauração e lazer fiquem separadas das zonas de operações portuárias. Dos planos da APL para o antigo cais da Transinsular consta a criação de uma nova carreira marítima de tráfego costeiro de mercadoria para embarcações de menor calado. Para a zona de Santos está igualmente planeada a criação de uma base para barcos de recreio.

Santana Lopes, no entanto, espera arrancar com o projecto de reestruturação urbanística "Alcântara XXI". O estudo, realizado pelos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus, define a integração dos projectos urbanísticos com as infra-estruturas viárias e de transportes, numa área de 41 hectares.

A zona, predominantemente ocupada por fábricas já obsoletas, passará a ter 60% de habitação e o restante de comércio e serviços, estimando-se que poderá atrair 15 mil novos habitantes.

"Alcântara era uma das zonas mais necessitadas de reformulação, porque estava altamente degradada e com uma ocupação obsoleta", frisou a vereadora do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Eduarda Napoleão.

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