Santa Casa vai financiar Fundação Ricardo Espírito Santo

"Agora vamos à procura do futuro" disse Santana Lopes sobre a fundação de ofícios e artes decorativas que, em 2014, perdeu o seu mecenas: o grupo Espírito Santo
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Pedro Santana Lopes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), e Conceição Amaral, presidente da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), assinaram nesta sexta-feira um contrato de parceria "para a viabilidade socioeconómica" da fundação criada em 1953, como museu-escola dedicado às Artes Decorativas, pelo banqueiro e colecionador que lhe deu o nome, o avô de Ricardo Salgado.

Um dos propósitos do contrato - lê-se no comunicado divulgado pela Santa Casa - é assegurar "financiamento que garanta a continuação das atividades da FRESS", que enfrenta graves dificuldades desde o verão de 2014, quando da queda do grupo Espírito Santo, até então o único mecenas da fundação. Da FRESS fazem parte, além das oficinas, a Escola Superior de Artes Decorativas (ESAD) e o Instituto de Artes e Ofícios (IAO) que deverão passar por um processo de restruturação e centralização, como explicou Conceição Amaral ao DN em dezembro.

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O comunicado não fala em valores monetários, mas afirma que, além de garantir a sobrevivência financeira da fundação a que a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu, em julho de 2015, 150 mil euros, a recente parceria com a Santa Casa visa igualmente "a realização, pela Fundação, de projetos de conservação e restauro em património da SCML; a integração de jovens que se encontrem em situação de formação em contexto de trabalho; o acesso a jovens apoiados pela SCML à oferta formativa da Fundação, através da criação de quotas; o apoio ao desenvolvimento de projetos de caráter inovador e o desenvolvimento de relações institucionais, 'económicas e culturais com outras entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais"

O contrato assinado na sexta-feira é o resultado das reuniões que decorrem desde junho de 2015 entre a SCML, a FRESS, a Secretaria de Estado da Cultura e a Câmara de Lisboa.

[citacao:Gigante passo em frente]

A presidente da fundação, Conceição Amaral, que em janeiro admitira que "muito em breve uma solução definitiva" para o financiamento da instituição seria encontrada, manifestou na sexta-feira uma "imensa alegria" pelo "gigante passo em frente" que foi dado na assinatura da parceria.

Pedro Santana Lopes fez referência a um "ciclo novo" na história da FRESS e afirmou que esta terá agora de "criar mais receitas próprias, trabalhar em conjunto para arranjar mais soluções". "Agora vamos à procura do futuro", disse.

Em janeiro, Conceição Amaral dava conta de salários em atraso na fundação, situação que o conselho de administração teve de explicar aos 130 funcionários da casa, contava então a agência Lusa.

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A presidente explicava antes ao DN, em dezembro, que "todos os meses" a FRESS atravessa "uma espécie de milagre de multiplicação" para manter as portas abertas. As receitas que sustentam a fundação vêm, desde 2015, das 18 oficinas de manufatura - metais, madeiras, pintura decorativa, conservação e restauro, etc - cujos clientes são maioritariamente estrangeiros (cerca de 90%).

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu em 2014 um processo de classificação da coleção reunida por Ricardo Ribeiro Espírito Santo Silva (1900-1955), pelo seu valor como património para o país.

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