Sangue jovem português na Quinzena dos Realizadores

Inserido no habitual programa Fábrica dos Realizadores, North Portugal é um programa de três curtas que representa uma região. Filmes portugueses realizados por jovens portugueses acima do Douro. Rodrigo Areias é o produtor e explica a mecânica desta sessão que abre a Quinzena dos Realizadores, a mais prestigiada secção paralela do festival.
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São três filmes portugueses a abrir a Quinzena dos Realizadores agrupados segundo o nome North Portugal, este ano num tom muito português por evocar no cartaz Leonor Silveira em Vale Abraão, de Manoel de Oliveira, filme que será mostrado em sessão especial por ocasião do seus 30 anos. Se a isto somarmos a presença de Légua, o excelente filme de Miller Guerra e Filipa Reis, pode-se mesmo falar reverência. Mas hoje as atenções estão em Maria, de Mário Macedo (co-realizado pela iraniana Dornaz Hajiha); Espinho, de André Guiomar (co-realizado pela israelita Mya Kaplan) e em As Gaivotas Cortam o Céu, de Mariana Bártolo (co-realizado por Guillermo Garcia López), parte de um programa de curtas chamado Director's Factory da produtora francesa DW que visa apresentar cartões de visita a jovens cineastas de uma região com projetos de longa por financiar. Este ano, Portugal, mais propriamente, o Norte de Portugal foi o foco desta iniciativa que pede sempre que os locais trabalhem em sinergia com outros cineastas internacionais.

Rodrigo Areias, da Bando à Parte, foi o coordenador de produção destes filmes todos rodados no norte este ano e explica a sua génese: "este projeto tem a ver com desenvolvimento territorial, ou seja, ajudar a possibilidade de pequenas estruturas de produção terem alguma possibilidade de internacionalização, fazendo com que jovens cineastas possam vir a Cannes promover os seus projetos. Chegam a Cannes três curtas, quatro cineastas com projetos de longas e quatro produtores do norte de Portugal. A seleção dos participantes foi feita através dos projetos anteriores e do projeto de longa que tinham para o futuro". O cineasta e produtor de Guimarães realça também o lado de se arranjar financiamento regional através do fundo do QREN da Comissão de Desenvolvimento da Região Norte: "algo que nunca conseguiu abranger a cultura! A intenção é ser um projeto farol para alastrar a outras regiões no norte de Portugal.

Os filmes que hoje passam dão uma imagem dura e de grande peso social do imaginário do norte do nosso país. Areias concorda: "isso tem a ver com a idade dos cineastas e a necessidade de ultrapassar uma série de dificuldades. Tem a também a ver com as mudanças que estamos todos a ver no país. Esse processo difícil não é apenas no norte. Estas curtas refletem sobre a grande questão: o que vai acontecer à malta mais nova nas cidades!? Será que vamos ter gerações mais novas nas cidades? ".

O DN sabe que estas três curtas-metragens vão ter a sua estreia entre nós já em julho na abertura Curtas Vila do Conde, seguindo-se depois passagem no Festival de Sarajevo e de Jerusalém, estando depois previsto que cada uma possa ter vida própria e que seja representada pela Agência da Curta-metragem. O norte de Portugal tem agora um olhar de cinema novo, mesmo que tenha influências de Espanha, Israel e Irão...

dnot@dn.pt

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