Há ano e meio, Sandra Felgueiras contava à NotíciasTV que tinha o sonho de ter um filho. Entretanto, casou-se ao fim de dois anos de namoro, com o operador de câmara da RTP Tiago Soromenho Pereira, e é com Sara ao colo, nascida a 18 de julho, que Sandra, 35 anos, revela, emocionada: "Nunca estive tão contente como hoje, há um momento de felicidade que chegou desde o parto e que se perpetua. Estou em estado contemplativo há cinco dias [terça-feira].".Para trás, ficam meses a conciliar trabalho e gravidez, que levaram Pedro Benevides, jornalista da RTP e amigo desde o tempo do curso superior da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em Lisboa, a recomendar-lhe que descansasse mais. "Por vezes, era uma da manhã estava a sair e, no dia seguinte, às sete da manhã, já estava na RTP, com olheiras, a fazer telefonemas para as reportagens.".Descrita por muitos como workaholic, Sandra, diz o colega, "é muito rigorosa e, como coordenadora, apoia e está sempre disponível". Admite que a jornalista, que entrou na RTP no início do milénio e no meio de um dilema contratual entre a estação pública e o Expresso, "não seja consensual", mas "é muito dedicada e profissional". .Os primeiros passos no jornalismo foram dados ainda antes de concluir o curso superior, quando esteve em Erasmus em Barcelona. "A primeira experiência que tive foi na BTV, televisão catalã. Eu e a minha amiga Ana Cristina Pombo entrevistámos o cônsul para a cadeira de Rádio e foi ele que sugeriu que fôssemos lá porque, ao abrigo do consulado português, procuravam quem fizesse os blocos informativos em português. Começámos a escrever e a apresentar. Os nossos colegas brincavam connosco porque estávamos em todos os ecrãs da cidade", lembra Sandra. Antes de deixar a Catalunha, candidatou-se a um concurso para o Expresso e foi "escolhida entre mil"..Ao abrigo do estágio no curso, passou pela SIC e foi lá que se cruzou com Nuno Santos que, anos mais tarde, apostaria na jornalista para lhe entregar a grande investigação na RTP1 com Sexta às 9, em fevereiro de 2012: "É umaprofissional muito completa, grande repórter, obstinada, muito rápida a trabalhar e nunca baixa os braços", afirma o ex-diretor de informação..Foi a melhor aluna da licenciatura, o que lhe valeu um estágio no Diário de Notícias, que recusou. A entrada na RTP surge, como conta Sandra, na sequência da "saída de vários jornalistas da RTP2 para a TVI". "Fui trabalhar com o Henrique Garcia, que precisava de reforçar a redação. Durante três meses fiz dois turnos: no Expresso e na RTP." Concluídos os contratos, recebeu outros iguais: sem termo e com exclusividade.O braço-de-ferro foi ganho por José Rodrigues dos Santos e Judite Sousa, na direção de Informação da RTP, mas com a ajuda do então diretor do Expresso, José António Saraiva. "Foi ele que me ajudou a decidir. Disse-me que como era muito nova tinha sangue na guelra e deveria gastar a energia na televisão. Um dia voltaria ao semanário." A menina que aos 8 anos entrevistou três vezes seguidas o presidente da Câmara de Felgueiras [porque o gravador falhou] decidiu-se pela política na estação pública. Editoria que abandonou na sequência do caso "saco azul" em torno da mãe, a ex-autarca de Felgueiras, Fátima Felgueiras, a fuga para o Brasil e o regresso a Portugal. Um período que a jornalista descreve como "duríssimo", colocando-se ao lado da mãe. "Mais do que surpreendida pela opção que a Sandra tomou, é com enorme orgulho que olho para essa posição. Poucos filhos teriam tido a coragem e a força que a Sandra teve para ficar ao meu lado", recorda Fátima Felgueiras. .Hoje, à Notícias TV, a ex-autarca conta que a neta "tem as expressões da mãe [Sandra]". Fátima Felgueiras descreve a filha como "uma bebé muito bonita, calma e segura". "Não deu trabalho enquanto criança e, ao nível de saúde, não deu problemas. Começou a andar com 9 meses e a falar muito cedo, sempre foi muito engraçada, curiosa e boa aluna", afirma a mãe. "Ela era líder nas atividades extracurriculares, todos os anos, na festa de encerramento da escola, organizava as passagens de modelos, os balaricos", recorda a ex-autarca..Aprendeu piano, ballet, ginástica rítmica, sonhou praticar natação sincronizada, mas, devido à idade, ficou pelo polo aquático. Atividades que diminuíram quando Sandra se mudou para Lisboa. Um período que mãe e filha descrevem como tendo sido difícil, mas nem por isso Fátima conseguiu convencer Sandra a trocar a Universidade Nova, em Lisboa, pela do Minho para ficar mais perto. Pedro Benevides recorda a amiga que, nos primeiros tempos de vivência na capital, revelava "uma forma de vestir muito particular". "Se fosse um filme americano, descreveria a Sandra como uma geek [cromo], mas ela vestia-se de forma original. Lembro-me de umas sabrinas que ela tinha em que num pé estava um sorriso, noutro o sinal de tristeza.".Os tempos foram de estudo e de diversão também. "Fazíamos jantares na Feira Popular", conta o jornalista da RTP, que sempre foi visita de casa de Sandra. Entre as especialidades da cozinha, Benevides recorda-se dos jantares "já depois da Bimby". Sandra e Fátima Felgueiras reagem: "Ninguém dispensa a mousse de chocolate com pão-de-ló de Margaride!"