Salvamento de crianças do Darfur leva à prisão nove franceses
A tentativa de levar para França 103 órfãos do Darfur terminou ontem com a detenção de nove franceses, incluindo três jornalistas, ligados a uma pequena organização não governamental, a ONG Arche de Zoe (Arca de Zoe). São todos acusados de rapto e tráfico de crianças.
As famílias de adopção estavam à espera em Reims mas anteontem à noite o avião fretado pelos franceses não chegou a levantar voo de Abeche, do lado chadiano da fronteira entre Chade e Sudão (Darfur). As crianças têm entre 4 e 9 anos e eram as primeiras de mil que a organização humanitária queria salvar.
O Presidente do Chade, Idriss Deby Itno (um aliado da França), visitou ontem as crianças, em Abeche, e disse que este é um caso de "rapto puro e simples". A ONG diz por seu turno que estava a proceder a uma "evacuação" de crianças do Darfur e que, sem este salvamento, os jovens estão destinados a "morte certa". Mas onde os franceses falam em órfãos, os chadianos afirmam que as crianças não só não eram órfãs, mas também não vinham do Darfur.
A Arca terá ignorado as leis de imigração e de adopção locais. Nos países islâmicos, incluindo no Chade, a adopção de crianças é proibida pela religião e pela lei.
À volta de Abeche há 200 mil refugiados do Darfur. A violência tornou a zona perigosa. Mas as organizações internacionais não apreciam o voluntarismo desta ONG. O presidente da UNICEF, Jacques Hintzy, afirmou à France 2 que as crianças "não parecem ser órfãs" e muitas são chadianas. A AFP confirmou que membros da Arca foram transportados pelo exército francês.|