Salma Hayek acusa Harvey Weinstein de a ameaçar de morte

A atriz mexicana afirma que o produtor chegou mesmo a ameaçá-la de morte, "Eu mato-te, não penses que não sou capaz"
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"Harvey Weinstein era um cinéfilo apaixonado, corajoso, um grande talento da indústria cinematográfica, um pai amoroso e um monstro. Durante anos, ele foi o meu monstro". Estas são as primeiras frases de um texto escrito por Salma Hayek, em que confessa ter sido vítima de assédio sexual - como Uma Thurman, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, numa lista que inclui mais de 80 mulheres - por parte do produtor Harvey Weinstein, que chegou a ameaçá-la de morte.

Ao longo da crónica, publicada no jornal New York Times, a atriz mexicana explica como foi incentivada a falar sobre a relação abusiva com Weinstein, à qual ela pensava ter sobrevivido. "Não considerei a minha voz importante, nem achei que pudesse fazer a diferença", até porque falar sobre o assunto implicaria ter de dar explicações aos que a rodeiam e Salma Hayek sentia-se envergonhada em partilhar.

O primeiro contacto que a atriz teve com o produtor foi durante o filme Frida e foi aí que começaram os pedidos de Weinstein, que Salma Hayek sempre rejeitou: "Não a abrir-lhe a porta a todas as horas da noite (...) Não a tomar banho com ele. Não a deixá-lo ver-me tomar banho. Não a receber uma massagem dele. Não a fazer-lhe uma massagem. Não a deixar um amigo dele nu fazer-me uma massagem. Não a deixá-lo fazer-me sexo oral. Não a ficar nua com outra mulher. Não, não, não, não, não...". A todas estas recusas, a atriz refere que se seguia a raiva de Weinstein, a que ela chama de "maquiavélica". "Eu mato-te, não penses que não sou capaz", ter-lhe-á dito.

Aos olhos do produtor, Salma Hayek era um "corpo". Durante a rodagem de Frida, Weinstein chegou a tentar afastá-la do projeto, segundo conta a atriz: "Ele deixava-me acabar o filme se eu concordasse em fazer uma cena de sexo com outra mulher", conta. Na luta por se provar como uma boa atriz e não querendo que o trabalho de todos os que estavam envolvidos na produção do filme fosse em vão, Hayek concordou. "E pela primeira e última vez na minha carreira, eu tive um esgotamento nervoso: o meu corpo começou a tremer, a minha respiração ofegante e comecei a chorar e chorar, sem conseguir parar".

O filme, que acabou por sair, ganhou dois Óscares.

Justificando o motivo pelo qual só agora as atrizes começam a denunciar atos de assédio sexual, em vez de o fazerem na altura em que acontecem, Hayek conclui que as vozes das mulheres não eram "bem-vindas". No entanto, atualmente a história é outra: "Os homens assediavam porque podiam. As mulheres estão a falar hoje em dia sobre isso, porque, nesta nova era, nós finalmente podemos".

Em relação às acusações, o produtor nega-as. "Mr.Weinstein não se lembra de ter pressionado Salma a filmar uma cena de sexo com uma mulher e ele não estava lá no dia das filmagens", afirma o porta-voz em comunicado à imprensa, citado pela BBC. "Todas as alegações sexuais descritas por Salma não são verdadeiras e as testemunhas dos eventos têm um relato diferente sobre o que aconteceu".

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