Salgado nega ter inflacionado ativos em África para equilibrar contas
"Absurdo" é como a defesa de Ricardo Salgado classifica a acusação do Banco de Portugal de que teria prestado "falsas informações" sobre o valor dos ativos da ES Resources, inflacionando-os, para compensar o passivo da Espírito Santo International (ESI). Em causa estavam cerca de 1,3 mil milhões de euros, parte em investimentos imobiliários em Angola, um valor igual ao do "buraco" depois conhecido na ESI.
Segundo a contestação enviada esta semana ao BdP pela sociedade de advogados Uría Menéndez--Proença de Carvalho - de que é sócio Daniel Proença de Carvalho, chairman da Global Media, a que pertence o DN - existe "prova documental", que junta ao processo, que demonstra não terem sido "prestadas quaisquer falsas declarações ao Banco de Portugal".
Essas "provas" são, entre outras, uma carta enviada ao BdP, a 20 de janeiro de 2014, "em que é referido que os aludidos ativos da Espírito Santo Resources (subsidiária detida a 100% pela ESI) tinham sido assinalados, para efeitos de processo de averiguação e reapreciação" que estava a decorrer. A Espírito Santo Financial Group (ESFG) informava que ainda se estava a "recolher informação" que permitiria "suportar as razões das diferenças nas rubricas do ativo da ESR", salientando que o GES dispunha de "vários ativos imobiliários em Angola, concentrados na zona urbana de Luanda". Contudo, era invocado, "são conhecidas as dificuldades burocráticas e demoras de execução de registos naquele país".