Longe vão os tempos em que um "canudo" em direito significava sucesso profissional ou material. .A massificação da advocacia e os baixos salários são os grandes entraves que a classe profissional enfrenta - mais de metade são jovens advogados - e que não deixaram indiferentes os quatro candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados que hoje vão a votos: Garcia Pereira, Marinho Pinto, Magalhães e Silva e Menezes Leitão. .Em média, são menos de mil euros que os advogados portugueses declaram receber por mês. Existe um advogado por cada 450 habitantes. E dos cerca de 10 milhões de habitantes, 25 mil são juristas. Por ano, a Ordem dos Advogados recebe cerca de mais duas mil inscrições. .A fatia mais mediática da classe, cultivada pelos meios de comunicação social, está nas grandes sociedades de advogados mas não é esta forma de trabalhar que predomina na advocacia portuguesa. Contra os 60% de advogados que exercem a profissão de forma individual e independente, existem apenas 6% de sócios em sociedades e 10% como associados. .Os grandes clientes continuam a ser uma minoria e não estão ao alcance de todos os advogados portugueses. O padrão do cliente é claramente dominado pelos particulares e por pequenas e médias empresas. .Os ramos de direito mais tradicionais, como o civil, o penal ou o de trabalho, são os que predominam como actividades principais da maioria dos nossos advogados. Segundo dados fornecidos pela Ordem dos Advogados, cerca de 65% dos profissionais recebem em média menos de dois mil euros mensais - valor contabilizado antes das declarações de impostos - e cerca de 45% recebem menos de mil euros mensais. Apenas 3% dos advogados obtêm uma remuneração elevada, que ronda mais de dez mil euros mensais. Metade destes ganham mesmo mais de vinte mil euros por mês. .Na sua maioria, os advogados trabalham sem regime de honorários. Mas quando existem, em Portugal, os vencimentos por hora variam entre os 80 e os 400 euros, segundo o último registo feito, na Legal 500, revista britânica que revelou estes dados há dois anos. Já que em matéria de honorários e facturação os advogados portugueses, pelas regras estatutárias, são muito reservados. O valor mínimo refere-se a advogados em início de carreira e o máximo aplica-se a sócios principais de sociedades de advogados de grande dimensão. .Segundo dados revelados pelo Instituto do Advogado de Empresa, já deste ano, cerca de um quinto (4750) dos advogados portugueses escolheram a via do contencioso de uma empresa para exercerem a profissão. Trabalham em empresas que, na sua maioria, são do comércio e banca.|