Saída da SIC foi "um alívio mediático" para Penim
Têm sido escritas muitas mentiras. Inclusivamente, disse-se que havia rixas antigas entre mim e o Penim. É ridículo. Não houve qualquer problema entre nós, apenas um desencontro entre interesses, é normal.
É importante esclarecer esta minha saída da SIC, até porque esta é a primeira e última vez que falarei sobre isto. O capítulo SIC, que muito me orgulha e honra, fecha-se com es-ta entrevista. Ora, o que se passou é que, quando acabou o Senhora Dona Lady, o Penim e o Pedro Costa disseram-me que contavam comigo e para eu aguardar por uma proposta. Foi o que fiz durante dois meses, período durante o qual me mantive em silêncio, sem dar entrevistas, e numa incógnita total sobre o meu futuro.
Em Novembro, foi-me feita uma proposta meio à pressa para eu apresentar durante duas semanas o espaço da manhã, entre o final do SIC 10 Horas e o início do Fátima. Eu recusei, de facto. Achei que não havia lógica em aceitar aquela proposta, só para tapar um buraco, quando não havia qualquer definição sobre o meu papel na SIC.
Depois, continuei em silêncio. Mantive-me atenta ao que se passava, vi as promoções na SIC às estrelas da estação, o spot das mulheres SIC e, apesar de não tirar conclusões precipitadas, achei estranho ninguém me ter falado nada e eu não aparecer naquelas promoções.
Percebi que isso era um sinal de mudança, de viragem. E até percebo que possa ser uma viragem necessária. Há uma nova direcção, tem as suas ideias, os seus projectos e é legítimo que faça as escolhas. Mas podiam-me ter dito alguma coisa. Eu teria percebido se tivessem sido claros.
Sim, mas eu achei estranha a proposta. Eu sempre fiz entretenimento, a própria SIC direccionou-me para essa área.
Sim, mas para mim não era motivador, até porque o registo seria sempre informativo. Por outro lado, eu voltei a estudar. E fazer esse programa diariamente, a partir das 07.00, significava levantar-me todos os dias às cinco da manhã, o que seria difícil acumular.
Sabia. O Manuel Fonseca sabia disso e o Penim também soube desde cedo. Acho que era razoável esperar alguma flexibilidade da direcção de programas da SIC para esta questão. Acho que merecia isso.
Ele disse-me claramente que em 2006 este era o único projecto que a SIC teria para mim. E essa é a razão principal da minha saída. Não estava habituada a trabalhar numa casa onde não havia lugar a consensos. No fundo, senti que, ao dizer-me aquilo, o Penim estava a abrir-me a porta.
Porque o normal seria tentar um consenso, procurar um outro desafio onde me sentisse motivada. E o que me foi dito é que aquele era o único projecto que tinham para mim. Ou aceitava, ou não havia mais nada. Penso, aliás, que a minha saída da SIC foi um alívio mediático para a direcção de programas.
Porque assim sempre se pode dizer que fui eu que não aceitei as propostas e me fui embora.
Pois, era capaz de ser...
Não sei se paguei alguma factura, mas que senti claramente que não era um dos rostos da SIC, senti. Tanto que nem fui apresentada como tal. É verdade que sempre me transmitiram que contavam comigo, mas, na prática, não era isso que sentia. Houve sempre um grande desinteresse.
Sim, percebo que sim, tanto que respeitei esse período e aguardei dois meses por uma proposta. Mas que era uma proposta que eu não podia aceitar.
Não quero entrar por aí. Isso seria pressupor que existe um carácter maquiavélico nas pessoas do lado de quem decide. E eu não quero acreditar nisso.
Sim, foi na mesma altura, mas é importante esclarecer uma coisa. Recebi, de facto, uma chamada do Nuno Santos, uma semana antes do Penim me fazer a proposta. Mas houve adiamentos e acabei por só me encontrar com o Nuno Santos, depois de ter conhecido a proposta da SIC.
Não, magoada, não, mas saio triste. É legítimo que cada director goste mais de trabalhar com umas pessoas do que com outras. É normal que um novo director não goste tanto do meu trabalho como outro. Isso é normal no mercado de trabalho. Gostava é que me tivessem dito isso.
Claro que sim. Eu estava entusiasmada com a nova SIC. Eu queria trabalhar e continuar com a camisola vestida. Até poderiam ter dito que não me achavam o supra-sumo, que as coisas iam mudar, mas ao menos eu sabia com o que contava. Já demonstrei ser uma apresentadora multifacetada e conduzi programas que teria sido fácil recusar. Provavelmente, se me tivessem dito as coisas de outra forma, eu até teria aceite o programa da manhã. Ou o da tarde...