Saída da PSP de Fátima está a gerar mal-estar na corporação
A PSP detinha há muito o comando das operações no perímetro urbano da cidade. O policiamento definido era considerado eficaz e com bons resultados, quer no relacionamento com a população quer com as centenas de milhares de peregrinos que todos os anos rumam ao santuário.
Por isso, a nova reorganização das forças de seguran- ça decretada pelo Ministério da Administração Interna está a ser encarada no seio da polícia como "uma perda de prestígio e mesmo de credibilidade da corporação junto do poder político", argumentaram ao DN.
Desde a publicação da resolução do Conselho de Ministros, no dia 19 de Março, que os comandos distritais têm vindo a reunir-se para transferir a pasta e os conhecimentos que a PSP detém. Está tudo a decorrer com "grande tranquilidade", asseguraram responsáveis da GNR e da PSP.
Todos admitem que "tem que haver troca de informações", mas o superintendente Levy Correia, do comando da PSP de Santarém, pouco adianta sobre a forma como essa troca se tem processado. "Esta é uma passagem administrativa como outra qualquer", disse.
Os oficiais da GNR explicaram ao DN que "o posto de Fátima será o maior do distrito e um dos maiores do País".
Neste serão integrados 50 efectivos, os mesmos que a PSP tinha. No entanto, como a GNR terá formas de patrulhamento a cavalo e equipas cinotécnicas, nem todo o efectivo ficará centrado na cidade de Fátima. Os agentes destes núcleos, a cavalo e de trabalho com os cães, irão manter- -se em Tomar.
E esta é outra situação mal aceite na PSP, pois a GNR também vai "ocupar" em Tomar território que antes lhe pertencia e que se encontra no perímetro da cidade. A GNR passou a ter mais freguesias do que antes da nova reforma. E sai de Tomar para ficar com o comando e instalar-se em Ourém, comentaram ao DN.
Vários responsáveis da corporação afirmaram-nos: "A PSP sai de Fátima com grande mágoa. Os homens sentem esta decisão como um insulto." Sobretudo "porque não houve contrapartidas para a PSP em todo o processo", acrescentaram.
Segundo apurámos, no decorrer das negociações, entre o Governo e as duas forças de segurança, chegou a ser analisada a possibilidade de a PSP "perder Fátima", mas de ficar com a zona de Albufeira, no Algarve, onde o policiamento pertence à GNR. Aliás, esta situação corta a continuidade do policiamento na área territorial das cidades costeiras algarvias onde se encontra a PSP, só que "nem isso conseguimos resolver", comentaram graduados da polícia.
O mesmo aconteceu em Sintra, onde em toda a zona limítrofe, Algueirão e Mem Martins, fica para a PSP. Só que a cidade de Sintra passa a ser território da GNR.
A partir de hoje, e no âmbito da reforma das forças de segurança. a GNR passou a patrulhar São Martinho do Porto, na Costa Oeste. Esta é a primeira área geográfica em que a Guarda substitui a PSP.