As dores de cabeça são frequentes, o cansaço permanente, a ansiedade, a dificuldade de concentração, a pele seca, a rouquidão, as alterações na menstruação. São sintomas que parecem apenas associados à agitada vida atual e a estilos de vida menos saudáveis, mas que podem esconder doenças que afetam sobretudo as mulheres e têm fácil tratamento. Falamos das doenças da tiroide, que afetam cerca de um milhão de portugueses, com forte impacto na sua vida familiar e profissional e que, com a ajuda médica adequada, podem ser afastadas.."Existe um grande subdiagnóstico das doenças da tiroide que têm uma grande prevalência. Mais de 8% da população adulta sofre destas doenças", diz João Jácome Castro, médico e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia. Por isso, quem tenha os sintomas descritos deve procurar um médico de família ou um endocrinologista.."O tratamento é fácil e baratíssimo. No caso das doenças relacionadas com as funções da tiroide, a doença mais comum é o hipotiroidismo, que é tratado com medicamentos", explica o especialista. O hipotiroidismo resulta da tiroide pouco ativa. O hipertiroidismo é o inverso, tiroide muito ativa..No caso das doenças decorrentes da forma da tiroide, uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano e essencial para o metabolismo e outros sistemas, a capacidade de cura também é muito elevada, cerca de 90%. "O cancro é mais raro, só surge em 10% dos casos", diz o endocrinologista que presidiu ao Congresso Europeu de Endocrinologia que esta semana reuniu em Lisboa mais de cinco mil especialistas e onde as doenças da tiroide foram o principal foco de discussão. Há 500 novos casos de cancro da tiroide por ano em Portugal e a mortalidade resume-se a 50 casos em média por ano..As mulheres são mais atingidas, eventualmente devido às hormonas, apesar de ainda não estar estabelecida cientificamente a causa. "Entre os 20 e os 40 anos é o pico no sexo feminino. A partir dos 50 anos, também há tendência para surgirem os problemas, tal como com grávidas devido à falta de iodo. As grávidas devem ter especiais cuidados. Os bebés podem vir a ter padrões de desenvolvimento menos favoráveis", aponta João Jácome Castro..Rastreios gratuitos.Celeste Campinho sofre de hipotiroidismo desde 2007. "As pessoas acham que os sintomas que aparecem devem-se ao estilo de vida que levam. E não vão ao médico. Eu fui seguida por um endocrinologista e com a medicação hoje tenho uma vida perfeitamente normal. Basta ser vigiada medicamente e tomar um comprimido para viver com mais saúde", explica ao DN. Por perceber que o rastreio é um dos problemas aderiu como voluntária à Associação das Doenças da Tiroide (ADTI), à qual preside desde 2011..Esta é a semana internacional da tiroide e quinta-feira o dia mundial da doença. Por isso, a ADTI promove a sensibilização nacional e oferece quinta-feira rastreios gratuitos à população no NorteShopping entre as 10.00 e as 14.00, com a presença de médicos no local. "O que é pretendido com esta campanha é encorajar as pessoas a reconhecer os sintomas e a consultar o seu médico, em vez de se culparem e atribuírem os seus sintomas à vida quotidiana. Um diagnóstico adequado através de um simples exame de sangue ajuda a verificar se a glândula tiroideia está a funcionar normalmente e pode fazer toda a diferença para uma maior qualidade de vida", afirma Celeste Campinho..O tratamento, como garantem os endocrinologistas, é simples e a sua ausência pode "levar consequências graves e, em casos extremos, à morte", alerta a dirigente da associação de utentes que mantém uma estreita colaboração com a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e a associação internacional que coordena a nível global as campanhas de sensibilização. Este ano, o lema é "Não é você, é a sua tiroide" para alertar para a necessidade de diagnóstico. Em todo o mundo, estima-se que mais de 200 milhões de pessoas sofram de doenças da tiroide.