Rutura de barragem em Brumadinho causou a perda de 125 hectares de floresta
A análise teve como base o cruzamento de imagens de satélite correspondentes aos momentos após a rutura da barragem de Brumadinho, com mapas anteriores ao acidente.
A área onde ocorreu o rompimento da barragem possuía uma junção de formação florestal de Mata Atlântica, ou seja, um espaço geográfico tropical, composto por uma diversidade de formações vegetais e que está presente em grande parte do litoral brasileiro, com uma transição para cerrado, nome dado à vegetação brasileira caracterizada por árvores baixas e arbustos espaçados.
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza no Brasil (WWF-Brasil), a área de lama registada no passado domingo, dois dias após a rutura da barragem, resultou na fragmentação de vários blocos florestais.
"O setor da mineração precisa de pesquisar e investir em processos de menor impacto e risco, como nos processos secos, que não envolvem barragens de resíduos e promovem uma mudança em todo o sistema de produção. Essas mudanças urgentes devem ser impulsionadas por fortes regulamentações ambientais", apelou Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
Além da flora, também a fauna local ficou destruída pela avalanche de lama e resíduos minerais, como é o caso fauna aquática, cuja vida acabou onde a lama se acumulou, defende o Fundo Mundial para a natureza.
Nos cursos de água mais afetados, o rio deixou de correr e a água foi substituída pela lama, onde as espécies aquáticas não conseguem sobreviver. A fauna terrestre que depende do circuito do rio também foi fortemente abalada.
"Será um longo processo de mudança no ecossistema, que poderá afetar a vida aquática, até mesmo no Rio São Francisco (importante curso de água que atravessa vários estados brasileiros), porque a água vai tornar-se mais turva, sempre que chover fortemente na área onde a lama está acumulada", frisou o WWF-Brasil.
A rutura da barragem da empresa de mineração Vale no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, ocorreu na sexta-feira e causou uma avalanche de lama e resíduos minerais, que resultou na morte de 65 pessoas.