A Rússia está a testar novas técnicas de desinformação, através do Facebook, nalguns países africanos como Moçambique, Camarões, Sudão e Líbia. Segundo o New York Times esta grande campanha demonstra uma evolução das técnicas de manipulação de informação que antecedem as eleições presidenciais americanas..O mesmo jornal adianta que o Facebook já informou esta quarta-feira que removeu três redes de influência apoiadas pela Rússia destinadas a países africanos. A empresa de Mark Zuckerberg acrescentou que as redes estavam ligadas a Yevgeny Prigozhin, o oligarca russo acusado de interferir nas eleições presidenciais de 2016 - é também conhecido como o chef do presidente Vladimir Putin já que a sua cadeia de restaurantes serve o Kremlin.."Estão a tentar tornar mais difícil [a deteção] mas nós e a sociedade civil detetamos as suas operações", disse Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança cibernética do Facebook, sobre as ações russas..A avalanche de publicações russas poderá dificultar a monitorização. De acordo com Stanford Internet Observatory, que agora colaborou com o Facebook, em 2016 a Agência de Pesquisa na Internet apoiada pelo Kremlin fazia em média 2 442 publicações por mês no Facebook; agora, uma das redes implantadas em África registou 8 900 publicações só em outubro..Para tornar a malha ainda mais fina, algumas publicações surgiram em árabe. Alguns dos posts destinaram-se a promover políticas russas, enquanto outras apontavam para criticar as polícias desenvolvidas pela França e pelos Estados Unidos em África..A Rússia continua a tentar desenvolver agressivas técnicas de desinformação, apesar do escrutínio a que está sujeita. A escolha de África parece demonstrar que o país procura expandir a sua esfera de influência naquele continente, segundo o New York Times..Alex Stamos, diretor do Observatório da Internet de Stanford e ex-executivo do Facebook, citado pelo mesmo jornal, disse que a campanha tem implicações para os Estados Unidos antes das eleições presidenciais do próximo ano. Depois das críticas a o Facebook que foi sujeito pelo facto de a rede social ter sido usada para "plantar" conteúdos com vista a influenciar o eleitorado americano em 2016, a empresa está ciente de que não pode abrandar a vigilância - contratou mais especialistas em segurança para impedir a interferência de terceiros nas eleições. Apesar deste esforço, a Rússia manteve um fluxo constante de influência no Facebook..Esta "campanha" russa em África surge numa altura em que Marck Zuckerberg está a ser alvo de fortes críticas - legisladores, candidatos à presidência dos EUA e até dos seus próprios funcionários - por ter anunciado que os políticos publiquem quaisquer anúncios na rede social (political advertising), mesmo que contenham informações falsas, em nome da liberdade de expressão..Hillary Clinton disse esta semana que a possibilidade dos políticos fazerem propaganda sem filtros no Facebook é uma ameaça à democracia. A ex-candidata presidencial dos democratas antecipou que o Facebook terá impacto nas próximas presidenciais e sublinhou que Zuckerberg deve ser responsabilizado pelo que está a fazer à democracia.