Rússia diz que imagens mostram que míssil que atingiu Polónia é da defesa ucraniana

Ministério da Defesa russo diz que imagens mostram "fragmentos de um míssil antiaéreo guiado de um sistema de defesa aérea S-300 ucraniano". E garante que também não é responsável pela destruição causada em Kiev por ataques na terça-feira.
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A Rússia disse esta quarta-feira que as imagens captadas a partir do local da explosão na Polónia mostram fragmentos de um míssil ucraniano e que o ataque russo na Ucrânia mais próximo da Polónia foi a 35 quilómetros da fronteira polaca.

"Fotografias dos destroços foram inequivocamente identificadas por especialistas militares russos como fragmentos de um míssil antiaéreo guiado de um sistema de defesa aérea S-300 ucraniano", disse o Ministério da Defesa russo num comunicado citado pela AFP.

"Ataques de precisão foram realizados em alvos apenas no território da Ucrânia e a uma distância não inferior a 35 quilómetros da fronteira ucraniana-polaca", acrescentou.

A Rússia negou ainda ter atacado Kiev na terça-feira e afirmou que os danos na capital ucraniana foram provocados pela defesa antiaérea ucraniana. "Toda a destruição nas áreas residenciais da capital ucraniana (...) é resultado direto da queda e autodestruição de mísseis antiaéreos lançados pelas forças ucranianas", afirmou o ministério russo em comunicado.

Esta quarta-feira, Joe Biden terá dito isso mesmo aos membros do G7 e da NATO, segundo avança a Reuters, que cita uma fonte da NATO.

O presidente norte-americano já havia afirmado publicamente que é "improvável" que o ataque com recurso a míssil que atingiu esta terça-feira a Polónia tenha sido lançado a partir da Rússia.

Questionado sobre se o míssil foi disparado a partir da Rússia, o líder norte-americano disse que havia "informações preliminares que contestam" essa possibilidade. "É improvável que tenha sido disparado da Rússia, mas veremos", acrescentou.

"Concordamos em apoiar a investigação da Polónia sobre a explosão. Vamo-nos certificar de que vamos descobrir exatamente o que aconteceu e vamos determinar coletivamente o nosso próximo passo", afirmou, à margem da cúpula dos G20.

Uma declaração que o Kremlin elogiou. "Deve prestar-se atenção à resposta comedida e mais profissional do lado americano", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que: "Quanto ao incidente na Polónia, a Rússia não tem nada a ver com isso".

Também a ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder, já admitiu que a explosão poderá ter sido provocada pela ação da defesa antiaérea da Ucrânia com a intenção de intercetar mísseis russos. "De acordo com as informações disponíveis, os ataques foram da responsabilidade dos sistemas de defesa antiaérea ucranianos, utilizados para contra-atacar os mísseis russos", afirmou em comunicado, antes de sugerir que o incidente está a ser objeto de uma "profunda investigação".

A explosão na Polónia, um membro da NATO, despertou imediatamente a preocupação de que a aliança fosse atraída diretamente para a guerra, uma vez que um ataque a um dos aliados é considerado um ataque à NATO.

No entanto, o próprio presidente polaco, Andrzej Duda, pediu calma, referindo que não havia "evidência inequívoca" de onde veio o míssil e que o via como um incidente "isolado". "Nada nos indica que haverá mais", prosseguiu.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que é "absolutamente essencial evitar a escalada da guerra na Ucrânia".

Também a presidência francesa pediu "extrema cautela" sobre a origem do ataque, sublinhando que muitos países tinham os mesmos mísseis e alertando sobre os "riscos significativos de escalada".

Já esta quarta-feira, a China pediu "calma" a todas as partes. "Na situação atual, todas as partes envolvidas devem manter a calma e a contenção para que seja evitada uma escalada", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em Pequim.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rapidamente culpou a Rússia pelo que chamou de "terror de mísseis russos".

O incidente ocorreu depois de a Rússia ter lançado uma onda de ataques com mísseis na Ucrânia durante o dia de terça-feira, o que deixou milhões de residências ucranianas sem energia. Esses ataques foram apelidados de "bárbaros" por Biden e de "chapada na cara" do G20 por Zelensky.

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