Houve quem tivesse desaconselhado Rui Gomes da Silva, de 49 anos, a voltar à política activa ao lado de Luís Filipe Menezes e ainda por cima no lugar de vice- -presidente do PSD. O advogado e deputado fez orelhas moucas, porque para ele a política e o PSD são como o ar que respira. O "homem do caso Marcelo", como ficou conhecido em muitos meios, voltou mesmo. E fez das suas. Para quem não se lembra, o "caso Marcelo" deu-se em 2004, em pleno governo Santana Lopes, quando o então ministro dos Assuntos Parlamentares, Gomes da Silva, resolveu dizer que o princípio do contraditório não estaria a ser respeitado nos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na sua análise dominical, na altura na TVI. Como se não bastasse, Rui Gomes da Silva vai buscar uma palavra que um ano e tal antes estivera na boca de Ferro Rodrigues, por outras razões. Fala em "cabala" de dois jornais (o Expresso e o Público) conjugados com Marcelo contra o governo dirigido pelo seu melhor amigo. A polémica, em vez de suscitar o efeito desejado, acaba por ter um efeito de ricochete e atinge letalmente o Governo de Santana Lopes, que não mais seria o mesmo depois disto. A Alta Autoridade para a Comunicação Social faz-lhe um reparo. Por deficiência da estrutura directiva de Menezes, coube a Gomes da Silva, o último que se deveria pronunciar sobre o assunto, sair a reforçar a posição do PSD no chamado "caso Câncio". Alguns amigos, inclusivamente barrosistas, apontaram-lhe o erro, antes dele ser cometido. Gomes da Silva terá argumentado que "tinha de ser". No seu escritório, com sede no Espaço Chiado, em Lisboa, o "vice" do PSD presta assessoria jurídica ao Rock in Rio-Lisboa. Casado e com filhos, o advogado é fanático pelo Benfica, clube pelo qual se sagrou campeão nacional de hóquei em patins. O sonho de ser dirigente do Benfica é que não se concretizou. Candidatou--se a vice-presidente na lista de Luís Tadeu e perdeu contra Vale e Azevedo.-F. A. L.